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4/2 – São João de Brito, Mártir

João foi o terceiro e último filho de D. Salvador Pereira de Brito e D. Brites Pereira, e nasceu em Lisboa, em 1 de março de 1647.

Era ainda muito novo quando seu pai foi mandado para o Brasil por D. João IV, como governador do Rio de Janeiro, onde faleceu sem tornar a ver a família.

Coube assim a D. Brites o ónus de educar os filhos, tarefa de que se desempenhou na escola do amor e do temor de Deus. João, o mais novo, tendo de ir para a corte com a idade de nove anos, na qualidade de pajem do infante D. Pedro, graças à sua força de carácter e ao seu coração generoso, ostentou sem respeitos humanos a sua piedade entre seus companheiros de jogos e estudos. Nem sempre bem visto por isso, tornou-se objecto de chacota e de injúrias da parte dos condiscípulos, o que lhe mereceu o profético apelido de “o mártir”.

Impressionado com a vida de São Francisco Xavier, a quem concebera terna devoção, João aspirou desde muito cedo a seguir-lhe o exemplo, consagrando-se um dia ao apostolado na Índia.

Aos 14 anos, entrou para o noviciado jesuíta em Lisboa, apesar de todas as dificuldades que lhe opuseram na corte e na família, e, pouco depois de ordenado, acompanhado de mais 17 missionários, partiu rumo à Índia.

O P.e Brito foi designado para a missão de Madurai, uma das mais difíceis. Diz um seu biógrafo que, “conservando em tudo a pureza da doutrina cristã, [os jesuítas] procuraram amoldar-se ao carácter dos hindus, adoptando os trajes, os costumes e o modo de viver dos ‘brâmanes saniassis’, espécie de religiosos letrados” indianos (ou seja, não eram sacerdotes). Esse método fora introduzido no início do século xvii pelo P.e Roberto de Nobili, também jesuíta, fundador dessa missão do Madurai. Analisado pela Santa Sé na época, devido à polémica que suscitou com os missionários portugueses, acabou por ser aceite: o Papa Gregório XV, mediante a bula Romanae Sedis, de 31 de Janeiro de 1623, permitiu ao P.e Roberto de Nobili continuar a aplicar o seu método de apostolado – que seria posteriormente condenado por Bento XIV.

O facto de São João de Brito ter adoptado tal método não levantou qualquer dificuldade na sua canonização: 1) porque durante a sua vida este estava aprovado por uma bula pontifícia; 2) e porque o santo foi canonizado como mártir e não como confessor.

Em 1691, o P.e Brito foi socorrer os cristãos do Maravá, por causa da perseguição dos brâmanes. Como o seu patrono, São Francisco Xavier, havia dias em que ficava com os braços quase inanimados de tanto administrar o baptismo.

Entre os seus conversos estava o príncipe Tariadevém, que seria, involuntariamente, o causador da sua morte. Com efeito, para o receber na Igreja, João de Brito impôs-lhe como condição que escolhesse uma só esposa, afastando as demais; o generoso pagão assim fez, repudiando as esposas secundárias. Mas uma delas era sobrinha do rajá do Maravá; e este, para “vingar” a sobrinha, não se atrevendo a fazer nada contra o príncipe, mandou saquear e queimar as igrejas cristãs e prender o missionário, condenando-o à morte. Na véspera do seu martírio, o qual ocorreu em 4 de Fevereiro de 1693, escrevendo ao superior da missão, dizia São João de Brito sobre a sua morte: “Quando a culpa é virtude, o padecer é glória”.

Imediatamente o nome do mártir se tornou objecto de veneração, e numerosos milagres foram operados por sua intercessão, o que levou o bem-aventurado Papa Pio IX a inscrevê-lo no rol dos beatos, e o Papa Pio XII a canonizá-lo, em 22 de Junho de 1947.


Foto: Grentidez [Public domain], via Wikimedia Commons

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