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21/3 – São Nicolau de Flue, Confessor

Nicolau de Flue, ou Bruder Klaus (Irmão Klaus), como é conhecido na sua pátria, nasceu em Sachseln, no cantão de Unterwald, na Suíça, em 1417.

Os seus biógrafos afirmam que Nicolau era um jovem casto, bom, virtuoso, piedoso e sincero, dado à oração, mortificado, e que cumpria conscienciosamente os seus deveres. De igualdade de humor, bondade de coração e suavidade de trato, atraía os seus concidadãos.

Em 1446, aos 29 anos, Nicolau foi defender o seu cantão na batalha de Ragaz. Participou noutras campanhas militares, incluindo a de 1460, chamada guerra de Thurgau; e demonstrou tanta bravura nessa guerra, que recebeu uma medalha de ouro. Com a sua influência, salvou do furor dos confederados o convento dominicano de Santa Catarina, onde os austríacos se haviam refugiado: “Irmãos”, disse-lhes, “não mancheis com crueldade a vitória que Deus nos deu.”

Na guerra, Nicolau levava a espada numa mão e o terço na outra. Mostrou-se sempre um guerreiro corajoso e um cristão misericordioso.

Para obedecer aos pais, casou-se com uma conterrânea virtuosa, Doroteia Wyss. Tiveram 10 filhos, 5 homens e 5 mulheres. Nicolau dedicou-se inteiramente à educação da numerosa prole, tanto religiosa quanto civil. Dois dos seus filhos chegaram a ser sucessivamente governadores do cantão, desincumbindo-se do cargo com honra, probidade e eficiência. Um terceiro, que ele mandou estudar para Bâle e Paris, tornou-se piedoso sacerdote, doutor em teologia.

Nicolau tinha profunda devoção à Santíssima Virgem, terna e inflamada, e não havia conversa em que não entremeasse frases sobre as excelências, o poder e a bondade dessa terníssima Mãe; e fazia periodicamente peregrinações aos seus inúmeros santuários.

O amor às coisas celestes e algumas visões que teve fizeram reavivar em Nicolau o desejo se dedicar exclusivamente a Deus. Estava a chegar aos 50 anos, os filhos estavam praticamente criados, e não havia mais tempo a perder. Falou com sua virtuosa esposa e explicou-lhe a vocação que Deus tão prementemente lhe dava, suplicando-lhe liberdade para segui-la. Estavam casados havia 20 anos, tinham numerosa prole, com alguns filhos ainda pequenos. Mas a heróica mulher, conhecendo bem o marido e sabendo que não se tratava de um fervor passageiro nem de uma fantasia, com resignação tranquila consentiu, prometendo acabar de educar os filhos no temor e amor de Deus.

No dia 16 de Outubro de 1467, tendo posto em ordem os seus negócios e dividido os seus bens, Nicolau apareceu diante dos parentes e amigos descalço, com longa túnica de peregrino, um bastão numa das mãos e o terço na outra. Agradeceu o bem deles recebido, e pediu perdão por alguma falta involuntária. Exortou a todos a temerem a Deus e a jamais esquecerem os seus mandamentos. Depois, dando a bênção a todos, saiu, com o coração partido pela afeição ao que deixava

Pensou em ir para outro país, para estar mais longe daquilo que amava. Mas depois, por inspiração do alto, voltou para a sua propriedade, onde construiu uma pequena cabana para nela viver entregue à oração e à contemplação. Seu irmão Pedro foi procurá-lo, resolvido a levá-lo de volta para casa, alegando que ele podia morrer de frio ou de fome, assim isolado no terrível Inverno suíço. Nicolau respondeu-lhe: “Saiba, meu irmão, que não morrerei de fome, pois há já 11 dias que não como e não sinto necessidade de alimento. Tampouco morrerei de frio, pois Deus me sustém.”

E esse é o milagre mais impressionante da vida de São Nicolau de Flue, raro mesmo nos anais da santidade: durante os últimos 20 anos da sua vida, não comeu nem bebeu, vivendo só da Sagrada Eucaristia.

Quando este acto prodigioso começou a propagar-se, uma multidão crescente passou a acorrer de todos os cantos para ver o homem a quem Deus dava tal graça. Nicolau aproveitava para lhes falar das coisas eternas. Os magistrados da cidade enviaram guardas, que ocuparam durante um mês, dia e noite, as redondezas da cabana do Irmão Nicolau, e comprovaram que o piedoso eremita não tomava mesmo outro alimento que a Sagrada Eucaristia.

São Nicolau de Flue faleceu no dia 21 de Março de 1487, sendo canonizado por Pio XII em Maio de 1947.


Foto: Roland Zumbühl (Picswiss) [CC BY-SA 3.0]

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