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14/7 – São Camilo de Lélis, Confessor

Camilo nasceu no ano de 1550 em Bucchianico (Abruzzos), no antigo Reino de Nápoles. Como aconteceu com São João Baptista, sua mãe já era avançada em idade quando o concebeu. O pai, ao serviço das armas, vivia mais nos acampamentos e campos de batalha do que no lar. Como poderia uma mãe idosa educar um filho que cresceu depressa e de temperamento tão belicoso como o sangue que lhe corria nas veias?

Apesar disto, conseguiu ensinar-lhe os rudimentos da religião. Mas, sem que ela soubesse, o menino, a par do catecismo, aprendia também o segredo dos naipes e dos dados, e aos 12 anos já era viciado no jogo.

Com a morte da mãe, Camilo entregou-se desvairadamente ao jogo, perdendo tudo o que tinha. Entrou então para o exército, onde aprendeu as virtudes e os vícios dos soldados.

Juntamente com o pai, foi alistar-se no exército que a República de Veneza arregimentava para combater os turcos muçulmanos. Mas João de Lélis faleceu pelo caminho, sendo enterrado perto de Loreto. Camilo herdou dele um arcabuz e uma espada, e de herança divina uma misteriosa chaga na perna, a qual lhe aparecerá sempre que necessário, para o conduzir ao caminho da sua vocação.

A fome e a miséria, somadas à supuração da chaga, fizeram-no desistir da carreira militar. Tocado pela modéstia e a doçura de dois franciscanos, Camilo fez o propósito de se tornar um deles. Mas, por causa da chaga, não foi autorizado.

Acabou por ir para Roma, onde foi recebido como enfermeiro no hospital dos incuráveis, a fim de sarar a perna e ganhar algum dinheiro. Mas, como a paixão do jogo o perseguia e fugia do hospital para ir atrás das cartas, foi expulso.

Após tentar durante algum tempo a carreira das armas – na qual combatia como um herói e jogava como um demónio –, voltou a Roma, por causa da chaga, que reabrira. Foi depois para Manfredonia, onde os capuchinhos o receberam. Notando nele algo especial, o superior do convento falou-lhe de Deus e da vocação. Tocado pela graça, Camilo converteu-se e foi recebido como postulante. Quando passava pela vila conduzindo as duas mulas do convento, as crianças corriam atrás dele, gritando: “Aí vem o São Cristóvão, aí vem o São Cristóvão!”, devido à sua elevada estatura.

Quis continuar os seus estudos, para se tornar sacerdote. Sentou-se nos bancos da escola no meio das outras crianças, o que o tornava sobremodo notório pela sua elevada estatura. Mas a chaga na perna obrigou-o a deixar os capuchinhos e a voltar para o hospital.

Aí, dedicou-se a cuidar dos enfermos, chegando a ser nomeado administrador geral. Um dia, olhando para o crucifixo enquanto cuidava dos doentes, exclamou: “Ah! Seriam necessários aqui homens que não fossem conduzidos pelo amor ao dinheiro, mas pelo amor de Nosso Senhor; que fossem verdadeiras mães para esses pobres doentes, e não mercenários. Mas onde encontrar tais homens?” Começou então a ruminar o pensamento de uma ordem religiosa para essa finalidade.

Juntaram-se a ele quatro discípulos, com os quais se reunia para rezar e meditar, e depois cuidar dos enfermos; era o núcleo de sua futura congregação dos Servos dos Enfermos.

Camilo terminou os seus estudos e foi ordenado sacerdote. Celebrou a sua primeira Missa em 10 de Junho de 1584.

Em 1586, Sisto V confirmou a sua congregação e ordenou que ela fosse governada por triénios. São Camilo foi eleito o seu primeiro superior.

O santo tinha uma presença imponente. Com mais de 1,90 m de altura, corpo bem proporcionado, cabeça erecta e olhos escuros, um véu de tristeza parecia recordar-lhe a cada momento o pesar pela sua vida passada. A sua voz tinha matizes graves e severos mas, quando falava de caridade, ficava inteiramente transformado. Uma testemunha diz que muitas vezes o seu rosto foi visto coberto de chamas. Não tinha muitos estudos, mas tinha uma sabedoria toda divina para o governo da sua ordem e o cuidado dos enfermos.

Enfim, no dia 14 de Julho de 1614, entregou sua alma a Deus, aos 64 anos.

Muitos milagres se operaram no seu túmulo. Camilo foi beatificado em 1742, por Bento XIV, que também o canonizou, quatro anos depois.

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