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9/4 – Santa Cacilda de Toledo, Virgem

No cerro que domina o vale, no seu santuário actual, descansam desde 1750 as relíquias de Santa Cacilda, “a virgem moura que veio de Toledo”, muito venerada em Burgos (Espanha), numa urna em que aparece recostada. O local foi centro de peregrinação durante séculos, e ainda hoje não deixa de ser frequentado.

Entretanto, tudo o que diz respeito a Santa Cacilda é incerto, quando não confuso e contraditório; mas a sua figura tem o encanto da simplicidade e o sabor do heróico no amor. Ela cativou o povo cristão medieval, e animou-o à fidelidade. O seu próprio nome, “Cacilda”, que significa “cantar” em árabe, é como um verso em tom de canção.

Segundo a lenda, esta santa era filha do rei mouro de Toledo, Almancrin, o príncipe mais poderoso de todos os que repartiram entre si os restos do califado de Córdova. Almancrin dominava Toledo e todo o planalto, até Guadarrama pelo norte, e pelo sul até à Serra Morena.

Apesar de toda a riqueza em que vivia, a princesa moura era dotada de abundante clemência e ternura, e não suportava a aflição dos desafortunados cristãos que estavam nas masmorras, principalmente os mais pobres, procurando consolá-los levando-lhes alimentos que escondia na saia. Um dia, o pai surpreendeu-a, e ocorreu o mesmo que com as Santas Isabel da Hungria e de Portugal: os alimentos transformaram-se em rosas.

É provável que os próprios prisioneiros lhe falassem da religião cristã, e a instruíssem nela. Convencida da veracidade do cristianismo, Cacilda quis receber o baptismo. Mas como, entre os islamitas que a rodeavam?

Ocorreu então que foi atacada de grave doença, com fluxos de sangue que os médicos da corte não conseguiam estancar; e teve a revelação de que encontraria remédio para o seu mal nas águas milagrosas de São Vicente, na cristã Castela. O pai concordou com a viagem, e deu-lhe acompanhamento régio e cartas de recomendação para D. Fernando I, Rei de Castela. Depois de se banhar nas águas do poço de São Vicente, cerca de Burgos, a santa recebeu o baptismo nessa cidade e decidiu passar o resto dos seus dias em solidão, dedicada à oração e à penitência.

Cacilda morreu em idade avançada, sendo sepultada na ermida que mandara construir, que logo se converteu em lugar de peregrinação, começando a sentir-se os efeitos da sua protecção.


Francisco de Zurbarán [Public domain]​

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