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10/4 – Santo Ezequiel, Profeta

Hoje, excepcionalmente, comemoramos um santo do Antigo Testamento, o Profeta Ezequiel. Pertencente à linhagem sacerdotal, Ezequiel viveu, tal como Jeremias, o período mais tormentoso da história hebraica.

Em 598/97 a.C., antes de ter completado 30 anos, foi deportado de Jerusalém para a Caldeia, juntamente com o Rei Jeconias e mais 10.000 pessoas. Permaneceu no exílio até à morte, ocorrida entre os anos 571 e 561 a.C.

Jerusalém não fora ainda destruída, porque o Rei Jeconias, tendo sucedido a seu pai Joiaquim, talvez assassinado quando o exército de Nabucodonosor se aproximava da cidade santa, se rendera ao cabo de três meses de assédio.

Todavia, a deportação da corte e do escol da população enfraqueceu Israel sobremaneira, constituindo uma lição tremenda, mas infelizmente inútil. Entre a população deixada no país, sob o governo de Sedecias, nutriam-se veleidades de independência, que explodiram em aberta rebelião no ano 588, causando finalmente a tomada e a destruição de Jerusalém e do seu Templo (Jer 37, 39 e 52).

Todas as visões do profeta exilado, como as de Jeremias, que permaneceu na pátria vendo e vivendo o trágico destino da cidade santa, se vinculam intimamente a esses acontecimentos. Ambos os profetas vêem e anunciam continuamente, em todas as formas, o futuro imediato, imersos na angústia de ver um povo que não lhes presta ouvidos, e se atira aos bárbaros.

A própria morte da esposa de Ezequiel, lembrada pelo profeta, tornou-se um símbolo da ruína de Jerusalém e do Templo, ocorrida nessa época. Não faltam, porém, alguns clarões que permitem visões longínquas, as quais se multiplicam e até se tornam constantes, quando aos primeiros deportados se juntou a avalanche dos novos, trazendo gravados no espírito os horrores do cerco, do morticínio e da deportação.

Ezequiel é, muitas vezes, áspero e duro, quase desapiedado. Mas as suas predições e acções simbólicas, bem como as suas mortificações voluntárias para inclinar, se possível fora, Israel a uma conduta de fidelidade para com Deus, e a sua sabedoria política, são inspiradas por um coração magnânimo e forte ao mesmo tempo, baseado na fé, na dedicação ao seu povo e no amor à pátria.

O profeta tem profecias nitidamente messiânicas nos trechos 17, 22-24; 34, 11-16; 11, 16; 47; 48. Aliás, toda a terceira parte do seu livro, do capítulo 3 em diante, é concebida em termos de expectação messiânica.

São Gregório Magno diz dele: “Ezequiel é a honra e a glória de todos os mestres e de todos os doutores; é, nas suas predições, o modelo perfeito dos pregadores. Torna-se, é certo, terrível, medonho e severo, mas é porque tinha a ordem de anunciar castigos extremamente duros a um povo empedernido no mal. Todavia, chorou amargamente durante sete dias antes de comunicar os seus oráculos: belo exemplo para todos os pastores que, se querem falar com utilidade, devem primeiro guardar silêncio, derramar abundantes lágrimas sobre os males que vêem, observar com exactidão tudo o que passa, pois ‘só sabe falar como é preciso aquele que soube calar-se tanto como devia’. Quem desejar ser excelente pregador, deve imitar os que pregam somente verdades capazes de penetrar nos corações, de levar à penitência aqueles que principiam por tomar conhecimento perfeito dos seus pecados, antes de acusar e repreender seja quem for”.

O Martirológio Romano dele diz neste dia: “Em Babilónia, Santo Ezequiel, profeta, sentenciado pelo juiz do povo de Israel, porque lhe exprobara o culto que rendia aos ídolos. Foi sepultado no túmulo de Sem e Arfaxad, ascendentes de Abraão. Muitos peregrinam ao seu túmulo, para aí fazer orações”.


Foto: O profeta Ezequiel, por Michelangelo, entre 1509-1510, na Capela Sistina, Vaticano - [Public domain]

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