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24/7 – São Sarbélio Makhluf, Confessor

Quando se ouve falar do Líbano, a lembrança que vem à mente é a de um país lendário, bíblico. E é realmente assim, dado que é referido mais de 70 vezes na Sagrada Escritura, quase sempre de modo poético. O próprio Nosso Senhor, que restringiu a sua vida pública às terras da Palestina, abriu uma honrosa excepção ao Líbano, indo até Tiro e Sidónia.

Outrora maioritariamente católico, o seu povo é muito religioso. O seu território está salpicado de igrejas e santuários, predominando o rito católico oriental maronita. Este rito tem a honra de ser o único das Igrejas Orientais a permanecer sempre fiel à Igreja Católica Romana, nunca tendo passado para o cisma.

“Diz-se que a devoção à Mãe de Deus é apanágio dos cristãos do Oriente; pode-se também afirmar que todo o coração libanês, e em particular maronita, é um coração mariano. O ofício maronita contém sempre hinos à Virgem Maria; e todas as cerimónias religiosas incluem orações àquela que foi a co-redentora da humanidade”, afirma um bispo da ordem maronita.

Sarbélio Makhluf nasceu no dia 8 de Maio de 1828, na aldeia de Bigah-Kafra, a mais alta do Líbano, situada a 1600 metros. Era o quinto filho do casal Antun Zarour Makhlouf e Brígida Al-Chidiac, e tinha dois irmãos e duas irmãs. No baptismo, recebeu o nome de Youssef (José).

Youssef frequentou a escola paroquial da aldeia, demonstrando desde pequeno profundo sentimento religioso e propensão para a contemplação; de vez em quando, deixava os jogos para se isolar numa gruta, onde podia estar a sós com Deus. Os outros meninos passaram a chamar-lhe, por ironia, “a gruta do santo”.

Aos 23 anos, apesar do afecto materno e da oposição de seu tio, que necessitava de braços no campo, decidiu fugir de casa e apresentar-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfouq, da Ordem Maronita, na região de Byblos. Aí começou o noviciado, escolhendo o nome religioso de Sarbélio, em honra do santo do mesmo nome martirizado em Edessa no ano 107 de nossa era.

Passado o primeiro ano, o Irmão Sarbélio foi enviado para o mosteiro de São Maron, de Annaya, para fazer o segundo ano, que era de provação.

Em 1853, aos 25 anos, Sarbélio pronunciou seus votos solenes de obediência, castidade e pobreza. Foi então enviado para o mosteiro de São Cipriano, em Batroun, onde funcionava o Seminário Teológico da Ordem Libanesa Maronita. Sempre entre os primeiros alunos, em 23 de Julho de 1859 – após seis anos de estudos teológicos –, Frei Sarbélio foi ordenado sacerdote em Bekerké, sede patriarcal maronita. Voltou então para o mosteiro de São Maron, em Annaya, onde permaneceria até ao fim da sua vida.

O novo sacerdote exercia o seu múnus sacerdotal para grande edificação de quantos o rodeavam e, por humildade, encarregava-se também dos trabalhos manuais da comunidade. Depressa começaram a espalhar-se rumores dos milagres operados por ele.

Sentindo desde cedo o chamamento à solidão, o Padre Sarbélio pediu várias vezes autorização para se retirar para um eremitério. Mas, como era muito útil à comunidade, a autorização foi sendo adiada.

Finalmente, em 1875, após 16 anos de vida em comum, um facto miraculoso obter-lhe-ia a almejada licença: para pregar uma partida ao sisudo monge, o irmão encarregado da despensa pôs água, em vez de azeite, na lamparina que o Padre Sarbélio ia levar para a cela. Contrariando toda a lógica, a lamparina permaneceu acesa, facto que foi constatado pelo Superior e por outros monges.

Após 23 anos de vida eremítica, levada com lendária obediência, com uma castidade angélica que transparecia em todo o seu ser, com uma pobreza que emulava a dos maiores santos da Igreja e com uma oração contínua, Sarbélio entregou piedosamente a sua alma a Deus no dia 24 de Dezembro, vigília de Natal, do ano de 1898.

Ao dar início ao seu processo de beatificação, Pio XII disse que “o Padre Sarbélio já gozava em vida, sem o querer, da honra de lhe chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi uma vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: o seu corpo transpira sangue há 79 anos, sempre que se lhe toca, e todos doentes que tocam com um pedaço de pano as suas vestes constantemente húmidas de sangue alcançam alívio nas suas doenças e não poucos até se vêem curados”.

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