No Pequeno Ofício da Imaculada Conceição, temos estas verdades insofismáveis: “Por decoro do Filho, não podia o labéu de Eva macular Maria”, bem como: “Não podia uma Mãe assim eleita por um momento à culpa estar sujeita”.
Comenta o P.e Ribadeneira, discípulo de Santo Inácio, no seu Flos Sanctorum: “Quando o real profeta David falou aos príncipes do povo de Israel exortando-os a lavrar um templo magnífico e sumptuoso ao Senhor, disse-lhes: ‘Esta é uma grande obra; porque não tratamos de fazer um palácio para um rei e homem mortal, mas um templo no qual more e habite um Deus’. Em todas as festas da Virgem Sacratíssima, podemos usar estas palavras; mas mais particularmente na festa de sua puríssima conceição, porque foi o princípio de todas suas festas, na qual, depois de sua eterna predestinação, se puseram os fundamentos deste templo divino, e se começou a se aparelhar a casa na qual havia de morar o Senhor”.
Com efeito, decretara Deus, desde toda a eternidade, fazer de Maria a Mãe do Verbo Encarnado; por essa razão, revestiu-a com as galas da santidade, e tornou-lhe a alma morada digna de seu Filho.
Embora a conceição imaculada de Maria viesse a ser defendida desde a Idade Média, foi somente no século xix que, com a definição do dogma da Imaculada Conceição, Pio IX fez dela uma verdade de fé. Deste modo, esse beato não fez mais que precisar em termos teológicos o que fora, ao longo dos séculos, a fé constante da Igreja.
Colocada no coração do Advento, a festa da Imaculada Conceição anuncia os esplendores da encarnação redentora.