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31/3 – Amós, Profeta

Hoje, excepcionalmente, temos um santo do Antigo Testamento a considerar. Trata-se de Santo Amós, de quem o erudito P.e Matos Soares, na Introdução aos Profetas Menores nos comentários que faz da Vulgata, afirma: “Os críticos modernos consideram Amós, com razão, como o primeiro dos profetas escritores. O seu livro, por raros méritos de estilo e de substância, é realmente digno de abrir a inestimável literatura profética de Israel. Acrescentam valor às suas mensagens as humildes origens do profeta e a sua vocação, na qual brilha tanto mais intensamente a força do seu espírito sobre-humano.”

Natural de Técua, aldeia situada a uns 8 km ao sul de Belém, Amós tirava o seu sustento do pastoreio de rebanhos e do cultivo de sicómoros, figueira nativa dos países tropicais do Oriente, cujos frutos constituíam o alimento da gente pobre do país.

Eram aqueles os tempos dos longos e prósperos reinados de Ozias, em Judá, e de Jeroboão II, em Israel, que davam à nação um poder e uma riqueza de que há muito tempo não gozava. Daí que a própria religião auferisse vantagens, pela abundância das vítimas imoladas nos altares, e pela pompa do rito. Mas ficavam prejudicadas a moral e a piedade sincera, os costumes pioravam, e os israelitas, deslumbrados pela prosperidade, caminhavam alegres e inconscientes para a ruína, porque muitos tiravam vantagem das multidões que acorriam às festividades sagradas para gozos profanos e tumultuosos; outros associavam-se livremente aos pagãos por motivos comerciais, chegando a unir ao culto do verdadeiro Deus as divindades pagãs. E não se davam conta de que, para sua infelicidade, crescia o poderio assírio.

Foi aí que o humilde pastor de Técua foi chamado por Deus a pregar o arrependimento, revelando aos culpados castigos iminentes: “O dia do Senhor será para vós um dia de trevas, e não de luz. É como se um homem fugisse de diante de um leão, e lhe saísse ao encontro um urso; ou como se, tendo entrado em casa e segurando-se com a mão à parede, o mordesse uma cobra. […] Eu aborreço e rejeito as vossas festas; não me é agradável o cheiro dos sacrifícios nos vossos ajuntamentos. Se me oferecerdes os vossos holocaustos e os vossos presentes, não os aceitarei. […] Aparta de mim o ruído dos teus cânticos. […] Os meus juízos manifestar-se-ão (contra vós) como a água (que transborda), e a minha justiça como uma impetuosa torrente” (Am 5, 18-24).

Julgam os historiadores que Amós era ainda muito jovem quando recebeu o chamamento irresistível de Deus para proclamar as suas mensagens.

Percorrendo cidade após cidade, o profeta exerceu um curto ministério na região de Betel e da Samaria, sendo expulso de Israel. Voltou então à sua actividade anterior de pastor. Tornou a pregar durante o reinado de Jeroboão II, entre os anos 783 e 743 a.C., e enfrentou corajosamente a oposição dos sacerdotes de Betel, o principal santuário do tempo.

Aí ocorreu o que diz o Martirológio Romano neste dia: “Em Técua, na Palestina, Santo Amós, profeta. O sacerdote Amasias espancou-o muitas vezes, e seu filho Ozias perfurou-lhe as têmporas com uma ponta de ferro. Depois, levaram-no semi-vivo para sua terra natal. Ali morreu, e foi sepultado junto de seus pais.”

O livro de Amós apresenta-nos, mais do que qualquer outro profeta, uma disposição clara e uma bela ordem das mensagens. Acima dos méritos literários, estão a elevação de pensamento e a doutrina moral e religiosa. Ele regista também que o seu trabalho espiritual abriu uma esperança para o povo, que sentia o peso do Senhor sobre certos habitantes. Depois de todas as ameaças, vem a promessa: “Tirarei do cativeiro o meu povo de Israel; reedificarão as cidades desertas, e habitá-las-ão. Plantarão vinhas e lhes beberão o vinho; farão jardins e comer-lhes-ão o fruto. Plantá-los-ei no seu país, e não os tornarei mais a arrancar da terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus” (Am 9, 14-15).


Foto: Luis Rizo [Public domain]

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