Santo André, filho de Jonas e Maria Solomé, era originário de Betsaida, nas margens do Mar de Tiberíadas ou Lago de Genesaré, era pescador, e vivia com seu irmão São Pedro (Mc 1, 29). A sua cidade, situada na Galileia, tornou-se conhecida por ser o berço dos quatro primeiros apóstolos; mas é-o sobretudo pelo lamento que o Salvador do mundo fez sobre ela pela sua infidelidade às graças recebidas: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e Sidónia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo teriam se arrependido sob o cilício e a cinza” (Mt 11, 21).
São João narra o primeiro encontro de dois dos futuros apóstolos com o Salvador. André e João eram discipulos de São João Batista, e estavam com ele quando viram passar Jesus de Nazaré. O Precursor disse então: “Eis o Cordeiro de Deus.” Intuindo que o mestre os induzia a seguir a Jesus, foram atrás dele e o Divino Mestre, voltando-Se, perguntou-lhes: “O que procurais?” Não sabendo bem o que dizer, eles balbuciaram: “Mestre, onde moras?” Disse-lhes Jesus: “Vinde e vede.” André e João seguiram-n’O, e passaram a tarde com Ele (Jo 1, 35-39).
Sobre esse abençoado convívio com o Filho de Deus, exclama Santo Agostinho: “Ó dia ditoso! Quem pudera dizer-nos o que naquelas horas aprenderam os afortunados discípulos!” Ao que acrescenta o renomado hagiógrafo P.e João Croisset: “A História Sagrada não nos declara os maravilhosos efeitos da conversa que tiveram com Ele, que era a sabedoria do Pai; deixando à nossa consideração, mais que à nossa notícia, o tesouro de graças que beberam na fonte mesma do que era a salvação de todo o mundo.”
É notável constatar como esses primeiros discípulos, apesar da sua humilde profissão, tinham preocupações religiosas e eram, de certo modo, bem instruídos nessa matéria, sendo bastante apostólicos. O que faz supor que eram pelo menos alfabetizados, e possuíam uma cultura religiosa não desprezível. André tinha uma natureza ardente, unida a um coração singelo, e buscava lealmente o reino de Deus. Por isso, ao chegar a casa, a primeira coisa que fez foi procurar seu irmão mais velho, Pedro, e dizer-lhe: “Encontrámos o Messias” (Jo 1, 41). Se diz “encontrámos”, é porque andavam à procura; e, se andavam à procura, é porque estavam a par das Escrituras e sabiam – certamente por São João Batista, seu mestre – que estava próxima a vinda do Messias. André conduziu Pedro a Jesus.
Durante três anos, André recolheu os segredos do coração do Mestre, assistiu aos seus milagres, ouviu com avidez a sua doutrina, e foi testemunha da sua Paixão e morte. Dos Doze, foi o primeiro a seguir a Jesus; e aquele primeiro entusiasmo não desmaiou nunca, nem nos caminhos da Galileia, nem nos silêncios do deserto, nem diante dos muros inimigos de Jerusalém. Ouviu com os demais apóstolos o mandato divino “Ide e pregai a todas as gentes” (Mc 16, 15); e, chegada a hora de se lançar pelo mundo a pregar a boa nova, deixa para sempre a sua terra e o lago inolvidável onde havia brilhado para ele a luz da verdade, e vai por todo o mundo romano arvorando intrepidamente a tocha divina.
Diz o historiador P.e Ribadeneira, discípulo de Santo Inácio, que, na divisão do mundo entre os apóstolos, coube a Santo André a província da Cítia (região da Eurásia habitada na antiguidade por um grupo de povos iranianos, falantes de línguas iranianas, conhecidos como citas), como diz Orígenes; e Sofrónio acrescenta que não somente pregou aos citas, mas também aos sogdianos, aos sacas (citas asiáticos) e aos povos da Etiópia. E o mesmo dizem Doroteu e Santo Isidoro. O Martirológio Romano diz que pregou na Trácia e na Cítia. O mesmo diz Nicéforo, e que ilustrou com a luz do Evangelho a Capadócia, a Galícia e a Bitínia até ao Mar Negro. São Gregório Nazianzeno diz que se estendeu até ao Épiro, que agora chamamos Albânia, e São João Crisóstomo que pregou aos gregos.
Santo André morreu crucificado por ordem do governador romano Egeas, em Patra, capital da Acaia, em uma cruz em X, por volta do ano 60 da nossa era. Para que sofresse ainda mais, não o pregaram na cruz, mas amarraram-no, para que expirasse lentamente.