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20/7 – Santo Elias, Profeta

Santo Elias é uma das maiores e mais enérgicas personalidades do Antigo Testamento. Com o seu discípulo, Santo Eliseu, é o grande profeta do século ix a.C. do reino do norte da Palestina, numa época em que a religião era violentamente perseguida pela idolatria.

Elias foi o arauto de Deus para uma missão claramente religiosa e moral. Segundo o Livro do Eclesiástico, surgiu “como um fogo, e as suas palavras ardiam como uma tocha. Fez vir sobre eles [os pagãos] a fome, e os que o irritavam pela sua inveja foram reduzidos a um pequeno número, porque não podiam suportar os preceitos do Senhor” (48, 1-2).

Ocorreu então que, “no ano 38 de Asa, o Rei de Judá, […] Acab, filho de Amri, fez o mal diante do Senhor, mais do que todos os que existiram antes dele. […] Tomou por mulher Jesabel, filha do Rei dos sidónios, serviu a Baal e adorou-o. Erigiu um altar a Baal no templo de Baal, que tinha edificado em Samaria, […] irritando o Senhor Deus de Israel mais do que todos os reis de Israel que o tinham precedido” (IRs 16, 29-33).

Comparecendo diante do ímpio Rei, o profeta alertou-o: “Viva o Senhor Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não cairá orvalho nem chuva, conforme as palavras da minha boca” (17, 1).

Como esta profecia se cumprisse, Elias teve de fugir da fúria de Acab e de se esconder. “O Senhor dirigiu a sua palavra a Elias, dizendo: ‘Retira-te daqui e vai para o lado do oriente, e esconde-te junto da torrente de Carit, que está defronte do Jordão. Lá beberás da torrente, e Eu mandei aos corvos que te sustentem ali mesmo’.” Assim, “a mão do Senhor foi sobre Elias, o qual, tendo cingido os rins, correu diante de Acab, até chegar a Jezrael” (18, 46).

Guiado ainda pela mão de Deus, Elias dirigiu-se a Sarepta, onde foi recebido por uma pobre viúva que ia começar a preparar a sua última e parca refeição, já que os seus suprimentos de óleo e farinha tinham acabado. O profeta pediu-lhe que lhe fizesse antes um pãozinho, e depois comeriam ela e o filho. Apesar do inoportuno pedido, ela fez o que o profeta lhe pedia, e Deus multiplicou-lhe a farinha e o azeite “até ao dia em que o Senhor faça cair chuva sobre a terra” (14).

 “Muito tempo depois”, o Senhor ordenou a Elias que comparecesse diante de Acab, para Ele fazer cair a chuva. O profeta respondeu corajosamente ao mau Rei, quando este lhe atribuiu as desgraças que ocorriam no país: “Não fui eu que perturbei Israel, mas foste tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e terdes seguido a Baal.”

Para obter de Deus que fizesse chover, Elias mandou o Rei congregar todo o povo no Monte Carmelo, juntamente com os 450 sacerdotes de Baal e os 400 profetas dos bosques, que comiam da mesa da ímpia Jesabel.

No monte, o profeta pediu que lhe levassem um boi cortado em pedaços, os quais foram postos sobre a lenha; e desafiou os sacerdotes de Baal a invocarem o seu deus para que acendesse o fogo, que ele faria o mesmo com o Deus verdadeiro – veriam assim qual das divindades era mais poderosa: “O Deus que ouvir, mandando fogo, seja considerado o verdadeiro Deus.” Como seria de esperar, nada ocorreu no altar de Baal, e os falsos profetas, incitados por Elias, gritavam cada vez mais alto, e retalhavam-se com canivetes e lancetas para serem atendidos.

Elias preparou um altar para o sacrifício, fez um rego ao seu redor, “acomodou a lenha, dividiu o boi em quartos, pô-lo sobre a lenha” e disse aos sacerdotes pagãos que entornassem quatro talhas de água sobre a lenha, uma, duas e três vezes, até que o rego se enchesse e a água escorresse pelo chão. Depois invocou a Deus e desceu fogo do céu, consumindo não só a água, mas também o pó que estava em volta do altar. O povo reconheceu então que “o Senhor é Deus!” “Elias disse-lhes: ‘Apanhai os profetas de Baal, não escape um só!’” E, sob as ordens de Elias, os 450 profetas pagãos foram degolados (29-40).

O triunfo de Elias foi de pouca duração: o ódio de Jesabel, que tinha jurado matá-lo, obrigou-o a fugir à pressa e a refugiar-se além do deserto de Judá, no santuário do Monte Horeb. Aí, o Senhor deu-lhe uma tríplice missão: ungir Hazael como rei da Síria, Jehu como rei de Israel, e Eliseu como sucessor de Elias.

No seu caminho para Damasco, o profeta encontrou Eliseu ao arado e, lançando o manto sobre ele, tornou-o seu fiel discípulo e companheiro inseparável, confiando-lhe a conclusão da sua tarefa na Terra.

O traiçoeiro assassinato de Naboth foi ocasião para o reaparecimento de Elias em Israel, como defensor dos direitos do povo e da ordem social, bem como para anunciar a Acab o seu destino iminente: a sua casa estava fadada a cair, e no lugar onde os cães tinham lambido o sangue de Naboth, lamberiam também o sangue do Rei. Além disso, devorariam Jesabel em Jezrael, e toda a sua posteridade pereceria; os seus corpos seriam dados às aves do ar (21, 20-26). Era terrível a justiça de Deus no Antigo Testamento!

Acab acobardou-se diante do homem de Deus e fez penitência, e a ameaça de ruína da sua casa foi adiada.

Voltamos a ouvir falar de Elias em conexão com Ocozias, filho e sucessor de Acab. Tendo sofrido ferimentos graves numa queda, este príncipe enviou mensageiros ao santuário de Belzebu, deus de Acará, para indagar se recuperaria. No caminho, eles foram interceptados pelo profeta, que os mandou regressar para junto do seu senhor com a mensagem de que os seus ferimentos eram fatais. O Rei mandou vários grupos de homens capturar Elias, mas todos eles foram atingidos pelo fogo do céu; depois, o homem de Deus apareceu pessoalmente a Ocozias para lhe confirmar a ameaçadora mensagem.

Outro episódio em que o profeta aparece está registado no II Livro das Crónicas, que relata que Jorão, Rei de Judá, que se entregara ao culto de Baal, recebeu de Elias uma carta avisando-o de que toda sua casa seria ferida por uma praga, e ele próprio estava condenado a uma morte prematura (21, 12).

Finalmente, quando Elias conversava nas colinas de Moab com Eliseu, seu filho espiritual, “uma carruagem de fogo e cavalos de fogo os separaram, e Elias subiu por um redemoinho ao céu” (2Rs 2, 11). E todos os esforços — dos filhos do profeta, que não acreditaram no relato de Eliseu — para o encontrar foram em vão.


Foto: Francisco Antolínez [Public Domain]

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