Este santo nasceu em Roma, por volta do ano 354. Nada sabemos da sua infância e juventude, a não ser que, pertencente a uma família tradicional de senadores, viveu na época em que o cristianismo deixava de ser perseguido e começava a tornar-se a religião oficial do Império Romano.
Nesse tempo, Teodósio, que foi promovido à dignidade imperial após o desastre de Adrianópolis, começou por partilhar o poder com Graciano e Valentiniano II; no ano de 392, porém, reunindo as metades oriental e ocidental do Império, tornou-se o último imperador a governar todo o mundo romano. Após a sua morte, as duas partes do Império Romano cindiram-se de novo, e desta vez definitivamente, formando o Império Romano do Oriente e o do Ocidente.
Aconteceu que, tendo Teodósio solicitado ao Imperador Graciano e ao Papa Dâmaso que encontrassem no Ocidente um tutor para seu filho Arcádio, eles escolheram Arsénio, que era bem instruído na literatura grega, além de ser membro de nobre família romana e diácono da Igreja.
Arsénio chegou a Constantinopla em 383, e foi tutor na família imperial durante 11 anos; nos 3 últimos, também se encarregou da instrução de Honório, irmão de Arcádio.
Arsénio recebera muitas honras do Imperador e vivia em grande pompa. Mas foi sentindo uma crescente inclinação para renunciar ao mundo. Depois de muito rezar para perceber o que Deus queria dele, ouviu uma voz que lhe dizia “Arsénio, foge da companhia dos homens e serás salvo”. Embarcou então secretamente para Alexandria, e dali prosseguiu para o deserto de Scetis, onde pediu para ser admitido entre os solitários que aí moravam.
Durante os 55 anos da sua vida solitária, viveu em completa pobreza evangélica. Mesmo quando fazia trabalhos manuais, Arsénio nunca descurava a oração. Caíam-lhe constantemente lágrimas copiosas de devoção; mas o que mais o distinguia era a fuga de todos quantos pudessem interromper a sua união com Deus.
A paz e a tranquilidade de Santo Arsénio e da sua comunidade acabaram quando uma tribo da região invadiu o mosteiro. Este facto obrigou-o a refugiar-se numa gruta, onde viveu isolado entre os anos de 434 e 450. Apenas nos últimos anos da sua vida aceitou que alguns discípulos o acompanhassem.
Uma antiga tradição diz que não gostava muito de interromper o seu exílio voluntário para atender os que o procuravam. Mas, para não usufruir o egoísmo da solidão total, decidiu juntar-se a uns eremitas de Scetis, que já viviam parcialmente em comunidade para não estarem totalmente isolados dos demais seres humanos.
Santo Arsénio faleceu no ano de 450 em Troc, perto da cidade egípcia de Mênfis. A sua relevância na história da Igreja prende-se com a época em que nasceu e viveu. Foi um dos mais conhecidos eremitas do Egipto, sendo considerado um dos Padres do Deserto. O seu legado chegou-nos através de uma crónica biográfica e das suas sábias máximas, escritas por Daniel de Faran, um dos seus discípulos, que também nos deixou um retrato de sua autoria, estampando a bela figura de Santo Arsénio, um homem alto e astuto.