Esta festa, muito antiga, é também chamada da Cruz gloriosa. Os Orientais denominavam-na da preciosa Cruz, portadora da Vida. É uma das mais antigas solenidades da Igreja e, inicialmente, tinha como único objectivo o aniversário da descoberta da verdadeira cruz de Nosso Senhor por Santa Helena, e a dedicação das basílicas constantinianas, consagradas em Jerusalém a 14 de Setembro de 335, no próprio local do Sepulcro e do Calvário.
Mais tarde, uma confusão de datas fez passar para este dia a memória da restituição da Santa Cruz em 629, pelo Imperador Heráclio, que a recuperou aos persas, que a tinham furtado. A Cruz que se exaltava neste dia era menos a de Jesus sofredor no Calvário, que a de Cristo glorioso subindo para seu Pai, depois de vencer a morte e salvar o mundo.
O que se recorda na festa de hoje é, portanto, o triunfo de Cristo, e a mudança por Ele causada na condição humana, como tinha anunciado repetidamente: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também tem de ser levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que n’Ele crer tenha vida eterna” (Jo 3, 14); “E Eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim” (Jo 12, 32).
A liturgia da Cruz é uma liturgia triunfante; nela, a Igreja celebra a vitória de Cristo sobre a morte, e o glorioso troféu da nossa redenção. Na Epístola da Missa de hoje, é citada a carta de São Paulo aos Filipenses, na qual o Apóstolo diz a respeito de Cristo Jesus: “Humilhou-Se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todo nome, para que, ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre no Céu, na Terra e nos infernos, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (2, 8-11).