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13/9 – São João Crisóstomo, Bispo e Doutor da Igreja

Este Doutor da Igreja nasceu por volta do ano de 354 em Antioquia, filho de Segundo, comandante principal das tropas do Império do Oriente. Sua mãe, Antusa, tendo ficado viúva aos 20 anos, não quis contrair segundas núpcias para se dedicar inteiramente à educação dos dois filhos e às boas obras.

Adolescente, João completou a sua educação com o célebre filósofo Libânio. O progresso do aluno, cuja inteligência privilegiada começava já a brilhar, levou o mestre, já às portas da morte, a exclamar: “Eu teria entregado a minha escola a este rapaz, mas os cristãos levaram-mo”.

João ainda era pagão quando iniciou a sua vida de orador no Fórum. A elevação da sua linguagem, a força das suas expressões e a beleza do seu discurso levaram os seus conterrâneos a compará-lo com Demóstenes, o famoso orador grego da Antiguidade.

Aos 25 anos, quando a sua fama já se firmara no tribunal, por influência de seu amigo Basílio – o futuro São Basílio Magno –, converteu-se ao cristianismo: “este bem-aventurado servidor de Jesus Cristo resolveu abraçar a verdadeira filosofia do Evangelho e a vida monástica. Então, o equilíbrio entre nós dois foi inteiramente rompido. O prato da sua balança elevou-se ligeiro atée ao Céu; o prato da minha, todo carregado de paixões mundanas e dos ardores da juventude, recaía pesadamente para a Terra”. João recebeu o baptismo das mãos de São Melécio, Bispo de Antioquia.

Após a conversão, o santo começou por levar uma vida eremítica, após o que recebeu o sacerdócio das mãos de São Flaviano. Tornado clérigo, João, a quem já chamavam Crisóstomo (Boca de Ouro), renunciou completamente a fazer carreira no mundo e começou o árduo trabalho de vencer o império das suas paixões: para combater a vanglória, começou a praticar a humildade; para ter domínio sobre si, passou a domar o seu corpo, limitando o sono a três ou quatro horas e a alimentação a uma só refeição por dia, abstendo-se de carne. A sua vitória sobre o seu temperamento fogoso foi tão completa, que dizem os seus biógrafos que tinha uma grande doçura, a par de uma amável modéstia, além de caridade terna e compadecida para com o próximo.

Durante 12 anos, São João Crisóstomo exerceu o seu apostolado em Antioquia, sendo as suas mais célebres homilias conhecidas como “as das estátuas”: durante uma revolta popular, a população havia derrubado as estátuas do Imperador e foi enquanto se aguardava a sentença real, que deveria ser terrível, tendo São Flávio, o bispo da cidade, ido pedir clemência para as suas ovelhas, que São João pronunciou essas homilias.

Em 397, o santo foi nomeado Patriarca de Constantinopla. Empenhou-se na reforma do clero, admoestando, corrigindo, suplicando e, quando não havia outra alternativa, expulsando os maus padres da Igreja. Muito activo em todo o seu ministério patriarcal, depôs vários bispos indignos, tentou moralizar o clero, repreendeu monges que se dedicavam ao turismo em vez da oração, e socorreu os pobres com extremos de caridade.

Havia tal sofreguidão para ouvir o santo arcebispo que as pessoas se atropelavam umas às outras. O Patriarca teve de colocar o púlpito no meio da igreja para ser ouvido por todos. Aos poucos, a piedade voltou a florescer em Constantinopla, e muitas almas atingiram alto grau de perfeição.

João Crisóstomo reorganizou uma pia associação de viúvas e virgens consagradas, pondo-as sob a direcção de Santa Olímpia, que, tendo ficado viúva aos 23 anos, passou a secundá-lo com a sua fortuna em todas as obras pias.

Acontece que a Imperatriz Eudóxia, tendo-se entregado ao vício da avareza, infringiu a justiça apropriando-se indevidamente de propriedades de outrem. As vítimas recorreram ao Arcebispo, que a chamou paternalmente à razão. Mas ela, dando-se por ofendida, obteve do primaz ariano de Alexandria a convocação de um concílio e, com os seus correligionários, condenou João Crisóstomo como indigno do episcopado, obtendo o seu desterro.

Quando a população soube disto, fez tão grandes manifestações diante do palácio imperial, que a Imperatriz, temendo pela vida, pediu o regresso do Patriarca. Pouco depois, porém, conseguiu novamente que fosse exilado.

Aos dois soldados que acompanhavam João Crisóstomo ao degredo, foi prometida uma promoção se, por meio de maus tratos, o fizessem morrer pelo caminho. Foi o que aconteceu, no dia 14 de Setembro de 407, quando o santo caiu exausto e expirou, confortado com a Sagrada Comunhão.

Pela sua eloquência, o Boca de Ouro foi proclamado por São Pio X patrono especial da eloquência sagrada.


Foto: DR

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