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12/6 – São João de Sahagún, Mártir

Sahagún é uma pequena cidade da província de Leão, na Espanha, cuja glória consistia em ter o mártir São Fernando tingido de sangue as águas do rio Cea no tempo dos romanos. Outra das suas glórias foi ser a pátria de João Gonzalez de Castrillo, que passará para a História da Igreja como São João de Sahagún ou São Facundo.

João nasceu em 24 de Junho de 1430, festa de São João Baptista. Era o mais velho dos sete filhos de D. João e D. Sancha Martinez. Estudou letras e humanidades no Real Mosteiro de São Bento, da sua cidade natal. Como era dotado de boa inteligência, fez grande progresso nos estudos.

Na sua adolescência, um tio apresentou-o ao Arcebispo de Burgos, D. Alonso de Cartagena, um rabino sinceramente convertido ao catolicismo, homem virtuoso e de vasto saber, que logo se encantou com as qualidades de João Gonzalez. D. Alonso ordenou-o sacerdote e depois nomeou-o cónego da catedral, além de outros benefícios.

Morto D. Alonso em 1456, o P.e João trasladou-se para Salamanca, a fim de estudar Direito Canónico na célebre universidade dessa cidade. Ao mesmo tempo, exercia a sua actividade pastoral numa capela da cidade. No princípio, por causa da sua humildade, poucos notaram as suas qualidades. Mas um dia em que foi convidado para fazer um sermão em honra de São Sebastião, patrono do colégio de São Bartolomeu, agradou tanto, que foi eleito director dessa casa, tornando-se também muito popular na cidade. Já formado, leccionou Sagrada Escritura no mesmo colégio.

Entretanto, um cálculo renal tornou necessário que se submetesse a dolorosa operação, que naquela época podia pôr em risco a vida do paciente. Diante dessa perspectiva, o P.e João prometeu a Deus que se tornaria religioso caso saísse ileso. Eis o que ele mesmo diz que ocorreu então: “O que se passou aquela noite entre Deus e minha alma, só Ele sabe; e, logo de manhã, fui [ao convento de] Santo Agostinho, creio que por iluminação do Espírito Santo, e recebi o hábito da Ordem.”

Muito devoto da Eucaristia, não podia sê-lo menos do Santo Sacrifício do Altar. Tinha tais êxtases na celebração da Missa, que esta não tinha fim. O superior ordenou-lhe então que fosse mais breve. Confuso, Frei João comunicou-lhe o que se passava entre Nosso Senhor e ele durante a Missa: Jesus Cristo aparecia-lhe frequentemente, fulgurante como um sol, e fazia-lhe as mais altas revelações. “Eu vos digo”, declarou o superior aos seus frades, “que me disse tais e tantos segredos, que eu via que me desfalecia; pensei cair morto por terra com o muito terror que se apoderou de mim.”

Frei João era de tal modo dotado do poder de penetrar os segredos de consciência, que não era fácil enganá-lo no confessionário. E aqueles que queriam fazer apenas uma confissão de rotina eram obrigados a fazê-la bem. Insistia na necessidade do firme propósito para que a confissão fosse boa. Ao mesmo tempo, era muito discreto e misericordioso com os pecadores, sendo por isso muito procurado pelos fiéis.

Um dos maiores feitos de São João de Sahagún foi a pacificação de Salamanca, que havia 40 anos era devastada por uma guerra de famílias. Dois partidos dividiam a cidade, não havendo dia em que o sangue não corresse em abundância. Não se respeitavam sequer os magistrados e a autoridade real; e cometiam-se homicídios inclusive nos lugares de asilo e aos pés dos altares.

São João de Sahagún não omitiu nada para reunir os dois partidos opostos e fazer cessar o espírito de vingança que os animava. Tudo empregou, tanto no confessionário quanto no púlpito, nas ruas e até em frente às casas dos litigantes, para fazer cessar esse flagelo.

Um dia, quando pregava contra essas desordens na igreja lotada, começou um murmúrio de desagrado no templo, e alguns puseram mão à espada. O santo interrompeu o sermão e, em tom de profeta, declarou que o primeiro que a empunhasse cairia morto. Um dos senhores mais responsáveis pelo litígio quis desafiar o pregador, e caiu fulminado. Esse castigo tão súbito, tão público e tão milagroso surtiu tanto efeito, que operou a difícil reconciliação, pelo que João de Sahagún recebeu na cidade o título de El Pacificador.

Havia em Salamanca um senhor da alta nobreza que levava vida muito escandalosa com uma mulher também de sociedade, sem que ninguém ousasse repreendê-los. São João tomou a liberdade de lhes mostrar o estado pecaminoso em que viviam e o escândalo que davam à cidade, ameaçando-os com o castigo divino. As suas palavras e admoestações causaram profundo efeito sobre o nobre, que, arrependido, rompeu a ligação ilícita. O mesmo, entretanto, não ocorreu com a concubina, que jurou vingar-se: não se sabe por que meios, conseguiu pôr um veneno lento, mas mortal, num alimento que Frei João ia tomar. A consequência foi um deperecimento lento e doloroso do santo. Sofrendo tudo com paciência admirável, ele entregou a sua alma a Deus no dia 11 de Junho de 1479, aos 49 anos.


Foto: DR

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