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1/2 – Santa Brígida de Kildare, padroeira da Irlanda

Santa Brígida é uma das padroeiras da Irlanda, juntamente com São Patrício e São Columba. Fundou vários mosteiros e foi favorecida com o dom dos milagres. A sua festa comemora-se hoje.

Pai pagão, mãe escrava

Como são imperscrutáveis os desígnios de Deus! Santa Brígida, que se tornaria a padroeira da Irlanda, taumaturga, abadessa de milhares de monjas e um modelo de santidade, nasceu na escravidão, e fora do sagrado vínculo matrimonial!

A futura santa nasceu por volta de 451 em Gaughart, no condado de Louth, na actual Irlanda. Seu pai, um grande senhor, comprara uma escrava de muito bom parecer, da qual se enamorou, cometendo adultério com ela. A escrava daria à luz uma menina que seria grande aos olhos de Deus.

Como o pai de Brígida era pagão, deu à filha o nome da deusa pagã do fogo, uma das mais poderosas do seu culto.

Alguns dos biógrafos da santa afirmam que tanto ela como a mãe foram convertidas por São Patrício.

Virtudes heróicas

Quando Brigida entrou na adolescência, como era muito formosa, o pai quis casá-la com um dos seus muitos pretendentes. A filha, porém, queria consagrar-se inteiramente a Deus. Segundo os seus biógrafos, dando-se conta de que era a sua beleza que atraía os pretendentes, Brígida rogou a Deus que a tornasse feia, de modo a afastá-los, e uma súbita moléstia na face provocou-lhe a cegueira de um olho, deixando-a tão disforme, que ninguém mais quis saber dela. O pai consentiu então que ela entrasse para um convento.

Naquele tempo, ainda não havia mosteiros na Irlanda, e as virgens consagradas viviam em suas casas. Brígida recebeu o véu das mãos de São Maccaille, e fez a sua profissão religiosa sob São Mel, de Ardagh, que lhe conferiu poderes de abadessa, para reunir virgens sob a sua orientação, como se fazia no continente. Nesse momento, de acordo com o Martirológio Romano e os seus primeiros biógrafos, tendo Brígida tocado no altar, que era de madeira seca, este floresceu; acrescentam alguns que também recuperou a vista e a formosura da face, pois, segundo eles, não podia Nosso Senhor, no dia de núpcias, deixar de dar tal presente à sua eleita.

Brígida retirou-se então, com sete virgens como ela, para uma região isolada, onde erigiu um convento sob um grande carvalho.

Por volta do ano 470, a santa fundou o duplo mosteiro de Cill Dhara, actual Kildare, com freiras e monges, estes últimos sob a direcção de São Conleth, vivendo em edifícios separados. Junto ao mosteiro, foi-se erguendo aos poucos uma vila, que veio a ser a sede metropolitana da província.

Com o tempo, o mosteiro tornou-se um dos mais prestigiosos da Irlanda, e famoso em toda a Europa cristã. Por indicação de Brígida, São Conleth foi eleito para a sé episcopal de Kildare.

Nesse mosteiro, Santa Brígida fundou uma escola de artes presidida pelo santo, em que se executavam trabalhos em metal e iluminuras. Kildare foi o berço do Livro dos Evangelhos, ou Livro de Kildare, comentado por Giraldus Cambrensis. Infelizmente, esta preciosidade desapareceu durante a pseudo-Reforma Protestante.

Segundo os seus biógrafos, Santa Brígida escolheu São Conleth “para governar a Igreja consigo”. “Desse modo, durante séculos, Kildare foi regido por uma dupla linha de abades-bispos e abadessas. A Abadessa de Kildare era considerada a Superiora Geral de todos os conventos da Irlanda”.

Muitos milagres são atribuídos à padroeira da Irlanda, alguns um tanto embelezados pelo entusiasmo dos seus seguidores. Afirmam estes que ela fazia muitos prodígios utilizando o sinal da cruz: expulsava demónios, fazia ver os cegos e curava os leprosos.

Sendo São Patrício e Santa Brígida padroeiros da Irlanda a par de São Columba, e tendo ambos sido escravos, teriam muita coisa em comum. Diz um dos seus biógrafos: “A sua amizade [de Brígida] com São Patrício é atestada pelo seguinte parágrafo do Livro de Armagh, um precioso manuscrito do século viii, cuja autenticidade está fora de dúvida: ‘Entre São Patrício e Santa Brígida, as colunas dos irlandeses, houve tão grande amizade e caridade, que tinham um só coração e uma só mente. Através dele e dela, Cristo operou muitos milagres’”.

Segundo a opinião mais provável, Santa Brígida faleceu no seu Mosteiro de Kindare, no dia 1 de Fevereiro de 523, e foi enterrada na igreja da sua abadia. Consta que, para honrar a sua memória, as religiosas do mosteiro instituíram um fogo sagrado perpétuo, que passou a chamar-se Fogo de Santa Brígida.


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