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9/6 – São José de Anchieta, Confessor

José de Anchieta nasceu em 1534, na cidade de São Cristóvão da Laguna, na ilha de Tenerife, do arquipélago das Canárias. Foi um dos 12 filhos de João Lopez de Anchieta e Mencia Dias de Clavijo y Lerena, da nobreza local. Depois de aprender as primeiras letras em casa, frequentou a escola dos frades dominicanos.

Aos 14 anos, foi com seu irmão mais velho continuar os estudos em Coimbra, matriculando-se no curso de Humanidades e Filosofia no Real Colégio das Artes. Era um jovem inteligente, aplicado, alegre, estimado e querido por todos. Exímio escritor, sempre se disse influenciado pelas cartas que São Francisco Xavier, o Apóstolo das Índias, escrevia aos seus irmãos de hábito sobre o seu apostolado no Oriente. Amava a poesia e, mais ainda, gostava de declamar. Mas, além de tudo, José era já notado pela sua virtude. Aos 16 anos, fez voto de castidade, consagrando a sua virgindade à Virgem Maria.

Atraído pelas virtudes dos Jesuítas no esplendor da sua vocação, matriculou-se no Colégio da Companhia. Um dia em que rezava diante do altar de Nossa Senhora na Sé Velha de Coimbra, resolveu, inspirado pela Mãe de Deus, dedicar a vida em sua honra, fazendo-se religioso na Companhia de Jesus.

Foi assim que, em 1551, aos 17 anos, foi nela recebido como noviço, logo se notabilizando por uma piedade eucarística extraordinária, que o levava a acolitar diariamente tantas missas quantas possível, às vezes cinco.

Sucedeu então que o P.e Manuel da Nóbrega, Superior dos Jesuítas do Brasil, querendo mais religiosos para trabalhar na evangelização do imenso país, solicitou alguns membros à Companhia, argumentando que até podiam mandar os doentes, pois tão suave era o ar do Novo Mundo, que eles depressa recuperariam. Isto levou os superiores a colocarem o Irmão José, então com 19 anos, na lista dos Jesuítas que seguiriam com o P.e Luís da Grã para o Brasil, na frota do Governador-Geral Duarte da Costa.

O trabalho dos missionários nessa terra virgem era estrénuo, pois, além de evangelizarem os índios, tinham de tratar com os brancos, que iam frequentemente com o único intuito de fazer riqueza, valendo-se para isso inclusive da escravização dos nativos. Com muita paciência, tacto e perseverança, incumbia aos religiosos conquistar terreno pouco a pouco, de maneira a fazer com que a incipiente cristandade pudesse dar frutos.

O santo, além de ser professor de latim para os da Companhia, fazia muito serviços braçais e de enfermagem. Ao mesmo tempo, tinha de continuar os estudos de Filosofia e Teologia, com vista à sua ordenação. Aprendeu a língua dos índios tupis para os ensinar na sua língua nativa, escreveu uma gramática e um vocabulário tupi, além de outros trabalhos, que ajudariam os demais missionários a lidar com os indígenas da costa brasileira.

Em 1 de Março de 1565, ajudou Estácio de Sá a instalar-se junto à base do Pão de Açúcar, à entrada da Barra do Rio de Janeiro, a fim de dar combate aos hereges calvinistas franceses, que tinham invadido o Brasil para ali fundar a chamada França Antártica. Como não tinham tropas suficientes para enfrentar a reacção portuguesa, os franceses uniram-se aos índios tamoios, que os auxiliaram no combate, na que ficou conhecida como Confederação dos Tamoios.

Em Salvador, aos 32 anos, Anchieta recebeu a ordenação sacerdotal de um antigo colega seu de Coimbra, D. Pedro Leitão, o segundo Bispo do Brasil. Já sacerdote, voltou ao Rio de Janeiro para assistir os católicos nos derradeiros combates contra os hereges franceses. Pôde também assistir, nos seus últimos momentos, o valoroso Estácio de Sá, fundador do Rio de Janeiro, falecido no dia 20 de Fevereiro de 1567 em decorrência dos ferimentos de uma seta que lhe atingira um olho.

De 1577 a 1587, o P.e Anchieta foi o Superior dos Jesuítas do Brasil, tendo viajado muito pelas imensidões daquele país. Morreu a 9 de Junho de 1597, sendo logo considerado santo pelos seus contemporâneos.

Inúmeros foram os milagres operados em vida por esse taumaturgo, que nos foram deixados pela tradição, e transmitidos pela Companhia de Jesus às suas casas da Europa, fazendo com que em várias delas se desenvolvesse um culto não oficial a Anchieta. No entanto, por mistérios insondáveis da Providência, este que em vida já era chamado santo só recentemente foi canonizado.


Foto: Benedito Calixto [Public domain]

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