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5/6 – São Bonifácio, Bispo e Mártir

Winfrido, nome que recebeu no baptismo, nasceu por volta do ano 680 em Kirton, Inglaterra. Seus pais eram de origem saxónica e de boa posição social. Não sabemos se tiveram outros filhos.

Quando Winfrido tinha apenas cinco anos, viu em sua casa uns religiosos que pregavam na região. Pediu então ao pai licença para os seguir até ao mosteiro. Tomando a coisa como uma fantasia de criança, o pai não deu ouvidos à petição. Acontece que Winfrido estava a falar a sério, e continuou a insistir com o pai. Finalmente este, atacado por repentina doença que o pôs às portas da morte, viu nisso a mão de Deus, que o castigava pela sua negativa ao filho. Mandou então Winfrido, agora com 7 anos – o que, aliás, não era raro na época –, como interno para o mosteiro beneditino de Adescancastre, hoje Exeter; o jovem passou aí 13 anos, após os quais foi transferido para o mosteiro de Nursling, onde levou vida austera e estudiosa sob a direcção do abade Winbert e fez rapidamente progressos na santidade e no saber. Sobressaía especialmente por um profundo conhecimento das Escrituras, o que se evidencia nas suas cartas. Também era bem versado em história, gramática, retórica e poesia. Aos 30 anos, foi ordenado sacerdote.

Winfrido tornou-se um professor famoso, sendo também óptimo monge. Por isso, os irmãos de hábito escolheram-no para abade. Apesar da possibilidade de fazer uma grande carreira, galgando os mais altos degraus de dignidade no seu próprio país, Winfrido não queria glórias humanas, mas levar a luz da fé aos seus antepassados saxões da Alemanha. Depois de vários pedidos ao seu superior, obteve finalmente permissão para seguir o seu chamamento.

Em 716, Winfrido chegou a Utrech, na Frísia (actual província de Friesland, na Holanda), região que já havia sido evangelizada pelos santos ingleses Wigbert, Willibrord, e outros. Mas o Duque Radbod, pagão convicto, perseguia os cristãos, o que tornava inúteis os trabalhos de Winfrido, que voltou para Inglaterra.

Três anos depois, munido de cartas de recomendação do Bispo de Winchester, o missionário partiu para Roma, onde foi benevolamente recebido pelo Papa Gregório II.

No dia 15 de maio de 719, após testar a sua fé, a sua virtude e a pureza das suas intenções, o Papa nomeou-o missionário apostólico e deu-lhe uma carta na qual dizia: “Os piedosos desejos do teu zelo inflamado em Cristo, e as provas que nos deste da tua fé exigem que te chamemos a participar do nosso ministério para dispensação da palavra divina. Sabendo que, desde a infância, estudaste as Sagradas Letras, nós te ordenamos que leves o reino de Deus a todas as nações infiéis que achares no teu caminho, e que, em espírito de virtude, amor e sobriedade, derrames nas almas incultas a pregação dos dois Testamentos.” O Pontífice também lhe deu cartas de recomendação para os príncipes cristãos que encontrasse no caminho

De regresso à Alemanha, passando pela Baviera, Winfrido chegou até a Turíngia, onde reformou alguns membros do clero que tinham caído em sério desregramento de costumes. E, ao saber que o Duque Radbod havia morrido, resolveu voltar à Frigia, colocando-se sob as ordens de São Willibrord. Sentindo-se este muito idoso, quis fazer de São Bonifácio seu coadjutor; mas ele opôs-se, alegando que tinha ido trabalhar como missionário.

Em 723, foi novamente a Roma, a fim de apresentar ao Papa o fruto dos seus labores e o consultar sobre algumas dificuldades que haviam surgido na sua missão. Gregório II consagrou-o bispo de todas as terras setentrionais e foi nessa altura que, segundo a maioria dos historiadores, o Sumo Pontífice lhe mudou o nome para Bonifácio.

Voltando ao seu campo de batalha, São Bonifácio resolveu dar um golpe de morte no paganismo, derrubando o enorme “carvalho de Tor”, que se alçava no meio do campo de Geismar e era venerado como deus por todos os pagãos da região. Apesar de os idólatras ameaçarem massacrar o missionário, este não se atemorizou, e aos primeiros golpes do machado, um violento vendaval arrancou a árvore pelas raízes. Muitos dos que presenciaram o facto converteram-se. Com a madeira do ídolo abatido, São Bonifácio mandou construir no local uma capela, que foi a primeira igreja da região.

Em 738, São Bonifácio fez a sua terceira viagem a Roma, para conferir os seus trabalhos com o Papa. Desta vez, foi acompanhado por uma multidão de francos, bávaros e anglo-saxões, que não quiseram separar-se dele. Gregório II havia falecido e subira ao trono pontifício Gregório III, que o acolheu com bondade, dando-lhe amplos poderes e cartas para os príncipes e os bispos do seu campo de apostolado. Concedeu-lhe também a faculdade de reformar, organizar e reconstituir a hierarquia nas terras sujeitas aos francos.

Em 747, o Papa Zacarias, que sucedera a Gregório III, nomeou-o Arcebispo de Mainz e Primaz de toda a Alemanha, bem como seu legado na Germânia e nas Gálias. Nessa qualidade, em 752 sagrou Pepino, o Breve, Rei dos Francos, que deu início à dinastia dos Carolíngios, a qual tomou o nome do filho deste rei, o grande Carlos Magno.

Finalmente, no ano de 754, São Bonifácio deveria crismar um grande número de conversos perto da cidade de Dockum, às margens do Rio Burda. Construíra-se na campina, para esse fim, um pavilhão com o altar e tudo o que era necessário para a crisma e a celebração do santo sacrifício. Entretanto, além dos catecúmenos, começaram a aparecer guerreiros pagãos armados de lanças e escudos, que, em determinado momento, se precipitaram sobre os cristãos, que estavam desarmados, matando a muitos sem piedade. São Bonifácio tinha nas mãos um livro dos Evangelhos quando foi martirizado. Embora os infiéis tenham furado o livro com uma lança, não danificaram uma só letra, o que foi considerado milagroso.

São Bonifácio foi um apóstolo completo: não lhe faltou nem o heroísmo do mártir, nem a intrepidez do missionário, nem a grandeza do bispo, nem a força dos milagres e da palavra, nem a bela auréola da graça e da bondade, que soube adaptar à sua época, a fim de a dominar e a tornar cristã. O bem-aventurado Pio IX estendeu o seu ofício litúrgico a toda a Igreja.


Foto: Cornelis Bloemaert (1603-1684) [Public domain]

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