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5/4 – São Vicente Ferrer, Confessor

Chamado “Trombeta do Juízo Final” e “Anjo do Apocalipse” pelos seus contemporâneos, conselheiro de reis e príncipes, ratificava as suas pregações com grandes milagres.

São Vicente Ferrer nasceu na cidade de Valência (Espanha), então capital do reino do mesmo nome, no dia 23 de Janeiro de 1350. Era descendente do mais novo de dois irmãos que, pelo seu valor, tinham sido armados cavaleiros na conquista daquela cidade, em 1238. Seu pai, Guilherme Ferrer, casou-se com Constância Miguel, cuja família tinha também sido enobrecida durante a conquista de Valência. São Vicente era portanto herdeiro de heróis pelos dois lados. À nobreza de sangue, seus pais aliavam a da piedade, e inculcaram nos filhos, desde o berço, uma fervorosa devoção a Jesus e a Maria Santíssima, e amor aos pobres. O pequeno Vicente era o encarregado de repartir entre eles as muitas esmolas que seus pais lhes destinavam. Também lhe ensinaram a fazer, às sextas-feiras, alguma mortificação em lembrança da Paixão de Cristo, e uma em cada sábado em honra da Virgem.

Muito dotado, Vicente começou o seu curso de filosofia aos 12 anos, e o de teologia aos 14. Aos 17 anos, ingressou no convento dominicano da sua cidade, fazendo a profissão solene em 1368. Dez anos depois, quando ainda não tinha iniciado a sua vida pública, começou o chamado Grande Cisma do Ocidente.

E como terminou esse terrível cisma, durante o qual houve três papas clamando a própria legitimidade – e santos do lado de todos eles? Para sermos breves, digamos que esse cisma, que dividiu a Igreja durante quase 40 anos, terminou finalmente com o Concílio de Constança (5 de Novembro de 1414 a 22 de Abril de 1418): foi aceite a abdicação do verdadeiro Papa, Gregório XII – que, como Papa legítimo, mandou ler um decreto de convocação desse concílio, legitimando-o –, e dos antipapas João XXIII e Benedito XIII, que foram depostos, ficando a Sé vacante. Em Novembro de 1417, foi eleito Papa o Cardeal Odo Colona, que tomou o nome de Martinho V. Este Papa instalou a sua residência no Vaticano, restabelecendo assim os antigos direitos da Sé de Pedro e o prestigio da cristandade. O Papa abdicante, Gregório XII, morreu nesse mesmo ano de 1417, em odor de santidade.

Nessa confusão, para muitos teólogos, os particulares deveriam submeter-se ao Pontífice sob cuja obediência estavam. Assim, São Vicente seguiu o espanhol Bento XIII, seu benfeitor, que era reconhecido como Papa verdadeiro por Espanha e pelo Geral dos Dominicanos. Mas rompeu definitivamente com ele quando se convenceu de que não estava disposto a abdicar para o bem da Igreja.

Antes de começar a sua vida pública, estando ainda no convento, São Vicente sentiu-se tão angustiado com a situação da Igreja, que adoeceu gravemente, ficando em perigo de vida. Apareceu-lhe então Nosso Senhor, acompanhado de São Francisco e de São Domingos, e disse-lhe: “Levanta-te Vicente, e consola-te. O cisma vai acabar em breve, quando os homens tiverem posto um fim às numerosas iniquidades com as quais se sujam. Levanta-te e vai pregar contra os vícios. Foi para isso que eu te escolhi especialmente. Adverte os pecadores de que se convertam, porque o meu juízo está próximo”.

Começou assim a prodigiosa odisseia do orador, do catequista, do viajante. Uma obra apostólica, levada a cabo com brio de lutador, diplomacia de estadista, portento humano em resistência física e no domínio dos homens, e testemunho flagrante do poder natural que reside sempre na Igreja.

São Vicente Ferrer tornou-se então, durante mais de 30 anos, o maior missionário da Igreja Católica até então, pregando não só em Espanha, mas também em França, na Holanda, em Itália, Inglaterra, Escócia e Irlanda. Apesar de só falar a sua língua materna e o latim, as diferentes multidões entendiam-no perfeitamente, como se falasse a língua de cada qual.

Milagres grandiosos acompanhavam a sua pregação: os mudos falavam, os surdos ouviam, os paralíticos andavam e até os mortos ressuscitavam à sua voz. O seu primeiro biógrafo afirma que foram mais de 860, os milagres que operou em vida.

São Vicente Ferrer era um profeta, e muitas das suas profecias realizaram-se ainda no seu tempo de vida. Mas fez uma especialmente para a nossa época, tão decadente: no dia 13 de Setembro de 1403, anunciou, como sinal que precederá um pouco os tempos do fim, a moda de as mulheres se vestirem como homens e se portarem licenciosamente, e de os homens usarem roupas femininas.

Muitas outras coisas se poderiam dizer deste grande santo, mas o espaço não permite. São Vicente Ferrer faleceu no dia 5 de Abril do ano de 1419, sendo canonizado em 1458, pelo Papa Pio II.


Foto: Convento de São Domingo, Buenos Aires, Argentina [Public domain]

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