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25/5 – São Gregório VII, Confessor

Os católicos verdadeiramente fiéis vêem em São Gregório VII um batalhador incansável na defesa dos direitos da Igreja, reformador exímio dos costumes do clero e grande santo. Historiadores imparciais, até mesmo não católicos, prestam homenagem à sua grande personalidade e força de vontade, sobretudo ao seu desejo sincero de fazer tudo pela exaltação do papado e consequente maior glória de Deus.

Hildebrando, o futuro Gregório VII, nasceu na pequena localidade de Saona, na Toscana, numa família modesta. Seu pai foi, ao que tudo indica, carpinteiro, e nada teve a oferecer ao filho senão a protecção de um tio materno, Lourenço, que pelos seus méritos havia sido nomeado abade do mosteiro de Santa Maria, no Monte Aventino. Esse tio encarregou-se da educação do menino, de inteligência privilegiada, que fez profundos progressos nos estudos.

Tendo recebido as ordens menores, Hildebrando entrou para o serviço de João Graciano, que tinha sido seu professor na escola lateranense. Este, apreciador dos seus raros talentos, afirmava que nunca havia visto inteligência igual.

Quando João Graciano foi elevado ao sólio pontifício, com o nome de Gregório VI, nomeou-o seu secretário. Hildebrando, que tinha apenas 25 anos e era ainda subdiácono, foi assim providencialmente iniciado nos negócios da Igreja, que mais tarde governaria com tanta sabedoria e fortaleza.

No ano de 1045, Gregório VI foi deposto pelo imperador e desterrado para Colónia. Renunciou ao papado, e Hildebrando acompanhou-o no exílio. Com a morte do ex-Papa, no ano seguinte, Hildebrando foi para França, onde visitou a abadia de Cluny, então no seu apogeu. Encantado com a santidade de Santo Hugo e de Santo Odilão, nela tomou o hábito monástico.

Mas não pôde desfrutar por muito tempo do seu retiro, porque tendo Bruno, Bispo de Toul, sido eleito Papa com o nome de Leão IX, confiou a Hildebrando a administração temporal da Igreja, com o título de arcediago, bem como o governo do mosteiro de São Paulo Extramuros, então muito decadente; e conferiu-lhe o título de cardeal diácono. Secundado por Hildebrando, o novo Papa lançou-se com fervor e determinação à reforma do clero e ao restabelecimento das leis da Igreja, principalmente da sua liberdade contra a ingerência do poder secular

Durante o reinado dos quatro papas seguintes, Hildebrando destacou-se de tal maneira, que nada se fazia em Roma sem o seu conselho e assentimento. A sua influência chegou ao apogeu com Alexandre II (1061-73), que o nomeou seu chanceler, com funções idênticas às de um actual primeiro-ministro.

Em 1073, Alexandre II morreu e Hildebrando, como arcediago que era, presidiu aos funerais. A meio da cerimónia, o clero e o povo, homens e mulheres, prorromperam num brado unânime: “Hildebrando, Papa!” “São Pedro escolheu Hildebrando!”

O novo Papa, que recebeu nessa altura a ordenação sacerdotal, era já muito versado na arte de governar, estava consciente de sua missão e tinha uma ideia elevadíssima da dignidade pontifícia. A sua promoção foi providencial: com ele, as reformas começaram a ser eficazes.

Por falta de espaço, vamos abordar aqui apenas a luta entre São Gregório e o Imperador Henrique IV, na qual vemos a fortaleza e o poder de um Papa santo.

Henrique IV, apesar das admoestações do Pontífice, continuou a repartir bispados a pessoas indignas, e entabulou negociações com os normandos do sul de Itália, para apanhar o Papa entre dois fogos. São Gregório alertou-o seriamente, ameaçando excomungá-lo e depô-lo. O Imperador convocou uma assembleia em Worms, onde depôs o Papa, declarando-o privado da dignidade pontifícia. Por sua vez, Gregório convocou um concílio em Roma, no qual excomungou e depôs o imperador. Imediatamente todos abandonaram Henrique IV, e os príncipes alemães, reunidos em Tribur, declararam que, se ele não obtivesse a absolvição da sentença no prazo de um ano, perderia a coroa.

O Imperador, sentindo-se perdido, viu que tinha de obter o perdão do Sumo Pontífice e, no Inverno de 1076-1077 – o mais frio do século –, atravessou os Alpes e foi até Canossa, na Toscana, onde São Gregório VII se encontrava, na propriedade da Condessa Matilde. Aí permaneceu durante três dias descalço na neve, vestido apenas com um hábito de penitente, implorando perdão. Por fim o Papa, cedendo às instâncias dos que o rodeavam e às mostras de arrependimento do Imperador, retirou as censuras. Henrique comprometeu-se a dar a Gregório toda ajuda necessária para resolver os conflitos da Alemanha; mas, apenas se viu reempossado com o poder imperial, mandou fechar o passo dos Alpes para impedir que o Papa se deslocasse àquele país.

No sínodo quaresmal de 1080, Gregório voltou a excomungar e a depor Henrique IV. Este empreendeu uma expedição militar contra o Papa e sitiou Roma durante três anos. Gregório refugiou-se no Castelo Santo Ângelo. Henrique IV recebeu então a coroa imperial das mãos de um antipapa, mas abandonou a toda pressa a cidade quando soube do avanço dos normandos, liderados por Roberto Guiscard, duque da Normandia, que libertou o Papa.

Devido à fragilidade da situação, São Gregório abandonou Roma e encaminhou-se para o desterro, falecendo em Salerno, no dia 25 de Maio de 1085. As suas últimas palavras ficaram célebres, e sintetizam a sua combatividade heróica em defesa da Igreja: “Amei a justiça e odiei a iniquidade; por isso, morro no desterro.”


Foto: DR

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