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23/10 – São João de Capistrano, Confessor

João nasceu no ano de 1385 em Capistrano, pequena cidade dos Abruzos, no reino de Nápoles. Seu pai era um fidalgo angevino que tinha ido para a região na comitiva do Duque de Anjou, e lá se havia fixado. Nada se sabe da sua infância e adolescência, a não ser que estudou humanidades na sua terra natal, indo depois para Perúsia estudar Direito civil e canónico. Casou-se então com a filha de uma família nobre da cidade.

Nesse tempo, a orgulhosa Perúsia levantou-se em armas contra o Rei Ladislau, da Sicília. Na batalha que se seguiu, os perusinos foram vitoriosos, e João, que tentara ser moderador entre as duas forças, viu a sua atitude mal interpretada: foi acusado de favorecer o partido de Ladislau, e de estar em comunicação com o exército inimigo. Isso bastou para o levar ao cárcere. João defendeu-se brilhantemente, mas os homens foram surdos aos seus argumentos. Ele esperava que o Rei Ladislau se interessasse pela sua sorte; ou que o fizesse algum dos magistrados de Perúsia, que tão dedicados se tinham mostrado anteriormente, mas ninguém se interessou por ele, que ficou esquecido na prisão. Era a hora da Providência.

Nas longas e monótonas horas de recolhimento forçado, João começou a considerar a inconstância da amizade humana, o falacioso das glórias deste mundo, e como não se podia fiar senão em Deus. A graça começou a trabalhar na sua alma e, aos poucos, foi pensando em se entregar inteiramente a Deus.

Deus secundava-lhe os planos: pouco depois de ser libertado, a jovem esposa, com quem não tivera filhos, morreu. João dirigiu-se então ao convento franciscano do Monte, perto de Perúsia, da estrita observância, e pediu a admissão. Tinha 30 anos.

Rapidamente se uniu por estreita amizade a São Bernardino de Siena, do qual se fez discípulo. A sua devoção para com a Virgem Maria era terna e profunda. Quando pregava sobre ela, o auditório chorava de emoção.

No final do século xiii, surgiu na comarca de Ancona, em Itália, uma seita religiosa muito perniciosa de monges vagabundos, quase todos apóstatas, com o nome de Fraticelli, que escandalizava a Igreja e a cristandade. O Papa Eugénio IV nomeou Frei João de Capistrano inquisidor contra a seita, para a exterminar de vez, o que ele fez com êxito.

Mas pode-se dizer que a grande missão de sua vida foi a luta contra o temível Maomé II. Este sultão, tendo-se apoderado de Constantinopla no ano de 1456, havia jurado hastear o estandarte otomano no Capitólio de Roma, ameaçando assim toda a cristandade. Era necessária uma reacção imediata e eficaz. O Papa Nicolau V convocou então uma Cruzada, e nomeou São João de Capistrano seu pregador e chefe religioso.

Durante a batalha, armado com a cruz, João de Capistrano animava a todos, aparecendo nos lugares em que os cristãos pareciam fraquejar, conjurando-os em nome de Jesus Cristo. O exército cristão, tomado por um fervor sobrenatural, avançou irresistivelmente contra as linhas islâmicas, rompendo o cerco. Foi tal o ímpeto que o próprio Maomé II foi ferido, sendo o seu exército desbaratado: a cristandade estava salva. Diz-se que nesta batalha morreram mais de 40.000 turcos, sendo relativamente pequenas as perdas dos cristãos. Apesar de Frei João estar sempre no local mais perigoso da batalha, não sofreu o mais leve arranhão, o que foi considerado um facto milagroso.

Toda a cristandade reconheceu que a vitória fora concedida pelo Céu devido às orações e à acção de presença do santo. Apenas três meses depois desta vitória, em 1456, em morria na Hungria, aos 71 anos.


Foto: Károly Lotz [Public domain]

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