Iniciador do culto ao Nome de Jesus, grande devoto da Santíssima Virgem, famoso pregador popular, São Bernardino de Sena, cuja festa comemoramos neste dia, alcançou tal santidade em vida, e a sua intercessão tantos milagres após a morte, que lhe mereceram a honra dos altares apenas 6 anos após o seu passamento.
Bernadino era filho de nobre família, das mais ilustres da República de Siena. Órfão de mãe aos 3 anos e de pai aos 6, foi criado pela tia materna, Diana, mulher virtuosa que plantou na sua alma as sementes do verdadeiro amor a Deus, à sua Mãe Santíssima e aos pobres. Aos 11 anos, foi enviado para Sena, para receber formação condizente com o seu ilustre nome junto dos tios paternos, sendo aluno dos melhores preceptores da cidade.
Após terminar o estudo da Filosofia, aplicou-se ao do Direito Civil e Canónico, e ao estudo das Sagradas Escrituras, e sentiu-se inspirado a entrar para os franciscanos observantes. E assim fez no dia da Natividade de Nossa Senhora, que era também o dia de seu 22.º aniversário. Professou no ano seguinte, na mesma solenidade, e um ano depois, também nela, celebrava a sua primeira Missa.
Foi na escola de Jesus crucificado que aprendeu a praticar, em grau heróico, as virtudes cristãs. Para isso, prosternava-se dia e noite diante de um Crucifixo. Uma vez, durante a meditação, Nosso Senhor disse-lhe: “Meu filho, estás a ver-Me pregado à Cruz; se Me amas e queres imitar-Me, prega-te também à tua cruz e segue-Me; assim estarás seguro de Me encontrar.”
Os seus superiores, vendo tanta virtude nesta candeia, não quiseram que ela permanecesse oculta, mas que brilhasse à luz do mundo. Por isso, designaram-no para a pregação. Bernardino obedeceu. Mas, como tinha uma fraca e rouca, não conseguia atingir o número de fiéis que se reuniam para ouvi-lo. Contudo, não desanimou com isso, mas recorreu à Santíssima Virgem, que imediatamente deu robustez e claridade à sua voz, e o adornou com todas as qualidades de um bom pregador. Os frutos das suas pregações eram ainda maiores porque acompanhados de milagres: restituía a saúde aos doentes, curava leprosos; e certa vez em que um barqueiro se recusou a transportá-lo para a outra margem de um largo rio porque não tinha com que pagar, estendeu na água o seu manto, sobre o qual ele e o companheiro cruzaram o rio como no mais seguro barco. Chegados à outra margem, o manto não estava sequer molhado!
Pode-se dizer que São Bernardino de Siena foi o iniciador do culto ao dulcíssimo Nome de Jesus. No final dos seus sermões, mostrava ao povo uma bandeirola na qual havia gravado em letras de ouro o monograma JHS, e convidava a todos os fiéis a prosternarem-se diante dela para venerarem o nome do Redentor do mundo.
Isso pareceu temerária inovação a alguns espíritos do mundo, e foi organizada contra ele uma campanha de difamação tão eficaz, que o Papa Martinho V o proibiu de pregar. Vendo a atitude totalmente submissa de Bernardino, o Sumo Pontífice informou-se melhor e quis que ele se defendesse. Leu com o maior gosto a sua apologia e, satisfeito com suas razões e o seu proceder, abraçou-o ternamente, exortando-o a derramar por toda parte o fruto do seu zelo.
O Imperador alemão Sigismundo tinha por ele tanta veneração, que desejou que o acompanhasse a Roma, para assistir às cerimónias da sua coroação, em 1433.
Venerado também pelos seus irmãos de hábito, em 1438 estes elegeram-no Vigário Geral de todos os conventos da observância
Nos intervalos das suas actividades apostólicas, Bernardino escrevia. Entre as suas obras, contam-se tratados sobre a religião cristã, o Evangelho eterno, a vida de Jesus Cristo e o combate espiritual, além de meditações e sermões.
Enfim, quando, pela idade e a saúde alquebrada, sentiu o peso do seu cargo, descarregou-o sobre São João de Capistrano, seu discípulo e sucessor.
Em 1444, dirigia-se a Nápoles para pregar umas missões. Chegando a Áquila, sentiu que os seus dias estavam contados e que deveria preparar-se para comparecer diante do tribunal do Supremo Juiz. Para seguir o exemplo de São Francisco, pediu aos seus confrades que o colocassem sobre a terra nua para aí expirar, o que sucedeu no dia da Ascensão à hora das Vésperas, quando cantavam no coro a antífona: “Meu Pai, dei a conhecer o vosso Nome aos homens que me destes; agora, peço por eles, e não pelo mundo, porque vou para Vós.” Tinha 64 anos.