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2/5 – Santo Atanásio, Bispo, Confessor, Doutor da Igreja

“O século iv, a idade de ouro da literatura cristã, oferece-nos em seus umbrais a figura gigantesca de Atanásio de Alexandria, o homem cujo génio contribuiu muito mais para o engrandecimento da Igreja que a benevolência imperial de Constantino. O seu nome está indissoluvelmente unido ao triunfo do Símbolo de Niceia, que ainda hoje rezamos” (Fr. Justo Perez de Urbel, OSB, Año Cristiano, Madrid, Ediciones Fax, 1945, 3.ª edição, vol. II, p. 253).

Ao que acrescenta o grande abade de Solesmes, D. Próspero Guéranger: “Há nome mais ilustre que o de Santo Atanásio entre os seguidores da palavra da verdade, que Jesus trouxe à Terra? Não é este nome símbolo do valor indomável na defesa do depósito sagrado, da firmeza do herói face às mais terríveis provas da ciência, do génio, da eloquência, de tudo o que pode representar o ideal de santidade de um pastor, unido à doutrina do intérprete das coisas divinas? Atanásio viveu para o Filho de Deus; a sua causa foi a de Atanásio. Quem estava com Atanásio estava com o Verbo eterno, e quem maldizia o Verbo eterno maldizia Atanásio” (D. Próspero Guéranger, El Año Litúrgico, Burgos, Ediciones Aldecoa, 1956, tomo iii, p. 758).

Deus Nosso Senhor permitiu que houvesse várias heresias logo no início da Igreja, para que, ao refutá-las, os teólogos fossem explicitando a verdade católica e estabelecendo os fundamentos básicos sobre os quais se firmaria a doutrina verdadeira.

Uma das que mais dano causou à Igreja a partir do século iii foi o arianismo (doutrina herética que negava a unidade e a consubstancialidade das três Pessoas da Santíssima Trindade e, por consequência, a divindade de Jesus Cristo), pelo apoio que encontrou em muitos bispos e até imperadores. A ela se opôs, com toda a sua alma de fogo, Santo Atanásio.

Ainda adolescente, Atanásio foi notado e apreciado por Santo Alexandre, que o tomou sob a sua protecção e, com o tempo, fez dele seu secretário. No Concílio de Niceia ainda não recebera a ordenação sacerdotal. Ao falecer Santo Alexandre, Atanásio, com apenas 30 anos, sucedeu-lhe na Sé de Alexandria.

Ocorreu então que o Imperador Constantino, perdendo sua mãe, Santa Helena, ficou sob a influência de sua irmã Constância, conquistada pela heresia. A pedido dela, mandou regressar do exílio todos os hereges exilados na sequência de Niceia, enquanto perseguia os católicos.

Desse modo, apenas regressado do exílio, o herege Eusébio de Nicomédia convocou um concílio em Cesareia, sede do outro Eusébio ariano, para condenar Santo Atanásio. E conseguiu exilá-lo.

Com calúnias e outros artifícios, os hereges, que gozavam do prestígio do poder imperial, conseguiram que o santo fosse exilado cinco vezes!

Num dos seus exílios, Atanásio teve de fugir para Roma, onde foi bem acolhido pelo Papa, que condenou o intruso que havia tomado o seu lugar em Alexandria. O santo passou três anos na Cidade Eterna, onde introduziu os monges do Oriente. Aí publicou grandes obras contra os hereges arianos, que lhe mereceram o título de Doutor da Igreja.

Regressado do exílio, a década de 346 a 356 foi o período de ouro para Atanásio na Sé de Alexandria: pôde dedicar-se inteiramente ao ministério episcopal, instruindo o clero e o povo, dedicando-se aos necessitados e favorecendo a vida monástica. Sobretudo, fortaleceu na fé os católicos fiéis.

Exilado de novo com a subida de Juliano, o Apóstata, ao trono, Atanásio pôde voltar a Alexandria em 362. Mas, pouco depois, ciumento do prestígio do santo, o ímpio Imperador mandou exilá-lo de novo. Não foi por muito tempo, pois Juliano faleceu no ano seguinte, depois de ter tentado restaurar o paganismo no Império. O novo Imperador, Joviano, anulou o exílio de Atanásio, que voltou mais uma vez a Alexandria. Mas Joviano faleceu no ano seguinte, e Atanásio foi novamente exilado.

Depois de uma vida tão tumultuosa e de tantos perigos, Santo Atanásio, como ressalta o Breviário Romano, “morreu em paz no seu leito”, no dia 18 de Janeiro do ano de 373. Havia governado a igreja de Alexandria, com intervalos, durante 46 anos.


Foto: Otto Bitschnau [Public domain]

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