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17/3 – São Patrício, Bispo e Confessor

Nenhum apóstolo ou pregador marcou tanto o país que evangelizou como São Patrício, cuja festa comemoramos hoje, marcou a Irlanda. Onde houver no mundo uma colónia de irlandeses, neste dia o grande santo será lembrado e festejado de modo todo especial, ainda nos nossos dias, apesar da decadência religiosa e da paganização geral.

Pela sua pregação, a Irlanda, anteriormente lar da idolatria, tornou-se a Ilha dos Santos. Ele enriqueceu a sua igreja metropolitana com relíquias de santos levadas de Roma. As visões do alto, o dom da profecia e os grandes milagres com que Deus o favoreceu fizeram-no brilhar como poucos santos.

 “Eu, Patrício, miserável pecador e o último dos servidores de Jesus Cristo, tive por pai o diácono Calpúrnio, filho do padre Pócio [naquele tempo, como ocorre excepcionalmente também nos nossos dias, os homens viúvos ou casados – estes, de comum acordo com a esposa, e renunciando aos direitos do casamento – podiam receber a ordenação sacerdotal]. Nasci (em 377) em Bonaven Taberniae, numa villa que o meu pai possuía”, diz o próprio santo no início da sua obra autobiográfica, Confissão.

Apesar de ter nascido numa família religiosa, Patrício confessa que, até os 16 anos, “não me tinha jamais preocupado seriamente com o serviço de Deus”. Além disso, “desde pequeno, tinha um verdadeiro horror ao estudo”.

Raptado por piratas e vendido como escravo, o adolescente, vendo-se só e abandonado, no sofrimento, na solidão e no desamparo, voltou-se para Deus.

Nos caminhos da Providência, os 6 anos de cativeiro de Patrício tornaram-se uma preparação remota para o seu futuro apostolado; nesse período, adquiriu um perfeito conhecimento da língua céltica, na qual um dia iria anunciar a boa nova da Redenção. Como o seu senhor, Milchu, era um importante sacerdote druída, familiarizou-se com todos os detalhes do druidismo, de cuja escravidão estava destinado a libertar a raça irlandesa.

Findo esse período de purgação, apareceu-lhe um Anjo que lhe disse que as suas preces e jejuns tinham sido aceites por Deus, e que chegara a hora de ele voltar para casa; que fugisse até o litoral, onde um navio estava prestes a partir.

Finalmente, Patrício chegou à sua pátria… para ser novamente raptado e libertado dois meses depois. Mas as suas tribulações não haviam terminado. Numa viagem, tornou a ser preso e vendido mais uma vez como escravo; foi resgatado por uma família cristã, que lhe concedeu a liberdade.

Nessa época, a heresia pelagiana começava a contaminar as incipientes cristandades existentes em Inglaterra e na Irlanda. O Papa São Celestino I enviou um bispo, Paládio, para a combater, mas este foi morto pelos hereges, e São Germano recomendou ao Papa que enviasse São Patrício para o substituir. Assim, em 432, Patrício partiu para o campo de apostolado que a Providência de há muito lhe destinara. Recebeu a sagração episcopal no continente, e chegou à Irlanda pelo ano de 433.

Viajando pela Ilha, São Patrício, deixando os seus discípulos a confirmar os que havia convertido à fé, dirigiu-se para Slemish, onde o chefe pagão Dichu quis matá-lo à espada. Ao desferir o golpe, porém, ficou com o braço paralisado, só voltando ao normal quando, contrito, se converteu. Dichu doou ao apóstolo um estábulo, que se tornou o primeiro santuário erigido por São Patrício na Irlanda, junto ao qual fundou um mosteiro que se tornaria o seu lugar de recolhimento na Ilha.

O santo foi depois para Tara, onde se reunia a assembleia anual dos chefes e guerreiros pagãos. Os sacerdotes druídas, para mostrarem o seu poder, recorrendo a meios diabólicos fizeram uma negra nuvem cobrir o firmamento. São Patrício desafiou-os a fazê-la desaparecer, mas, por mais que tentassem, não conseguiram; a uma prece do santo, porém, o sol tornou a aparecer. Então o chefe dos sacerdotes, também pelo poder diabólico, como Simão Mago, elevou-se ao ar voando como um pássaro. Patrício rezou e o infeliz estatelou-se no solo. Com isso, converteu diversos chefes tribais e suas famílias. O filho de um deles, Benen ou Benigno, tornou-se companheiro inseparável do santo e sucedeu-lhe na Sé de Armagh.

São Patrício recebeu várias ameaças de morte e tentativas de assassinato. Um dia, por exemplo, viajava num carro de bois ao lado do condutor, seu discípulo, quando este lhe pediu para trocar de lugar com ele e segurar as rédeas, enquanto descansava um pouco. O mestre não suspeitou de nada. Pouco depois, uma lança, atirada por algum inimigo, atravessou o coração do discípulo, que assim salvou a vida do mestre e alcançou ao mesmo tempo a coroa do martírio.

O próprio Patrício não morreria mártir como ardentemente desejava. Faleceu em paz, no dia 17 de Março de 461, depois de 30 anos de frutuoso apostolado na Ilha dos Santos, deixando atrás de si inúmeros santos formados em sua escola.

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