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16/4 – São Bento José Labré, Confessor

Bento José nasceu em 26 de Março de 1748 em Amettes, na diocese de Boulogne, França. Era o mais velho dos 15 filhos de João Baptista Labré e Ana-Bárbara Gransire, que deram aos numerosos filhos profunda educação religiosa, de modo que vários deles seguiram a vocação sacerdotal.

Um hagiógrafo descreve Bento da seguinte maneira: “O Criador havia-o dotado de um espírito vivo e penetrante, de um julgamento são e sólido, de uma memória fácil e segura. O seu coração era terno, a sua vontade forte, a sua alma não abandonava jamais a verdade, uma vez conhecida. Manifestou desde os seus primeiros anos inclinações pronunciadas para o bem, gostos simples e inocentes, e uma grande ingenuidade, sinal ordinariamente precursor de rectidão de sentimentos” (Les Petits Boulandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo iv, p. 424).

Aos 16 anos, o santo resolveu abraçar a vida religiosa. E escolheu os Trapistas, por a sua regra ser a mais rigorosa. Tentou obter a aprovação dos pais; mas estes negaram-lha terminantemente. Durante os dois anos seguintes, Bento tentou mais duas vezes entrar na Trapa, mas sem sucesso. Foi durante seis semanas postulante nos cartuxos de Neuville, mas teve de sair, por não encontrar ali a paz que desejava. Em Novembro de 1769, foi recebido no convento cisterciense de Septfonds.

Após curta permanência nesse mosteiro, durante a qual a sua exactidão na observância religiosa e na humildade impressionaram toda a comunidade, teve problemas de saúde, e foi aconselhado a procurar realizar a sua vocação noutro sítio.

Seguindo então uma inspiração, Bento tomou a resolução de ir, como peregrino, aos santuários mais renomados, como os de Roma e de Loreto, pedir a Deus que o fizesse conhecer a sua divina vontade a seu respeito.

Entretanto, Bento teve outra inspiração interior, que o fez compreender por fim o género de vida que devia levar: era vontade de Deus que, como Santo Aleixo, abandonasse o seu país, os seus pais e os confortos do mundo, para levar um novo modo de vida, mais doloroso, mais penitencial, não no isolamento nem no claustro, mas no meio do mundo, visitando devotamente, como peregrino, os lugares famosos de devoção cristã.

Começou então a sua gesta de peregrino-mendigo. Vestia um velho casaco, levava um rosário ao pescoço e outro numa das mãos, um crucifixo ao peito e uma sacola às costas, na qual carregava um Evangelho, um breviário – que lhe permitia rezar o ofício divino diariamente –, uma cópia da Imitação de Cristo e mais alguns livros piedosos. E não mudou de traje até ao fim da sua vida, 15 anos depois. Para dormir, tinha o solo; como tecto, as estrelas do céu. Só se alimentava uma vez por dia, com um pedaço de pão ou algumas ervas, recebidos em caridade ou obtidos de restos dos outros. Nunca pedia esmolas, mas esperava que lhe fosse voluntariamente dado aquilo de que necessitava. Dava aos pobres tudo o que recebia além de suas parcas necessidades.

São Bento José Labré, favorecido por Deus com o dom da profecia, previu os terríveis e apocalípticos acontecimentos que ocorreriam na Revolução Francesa, como castigo da impenitência e impiedade da sociedade francesa daquele tempo.

Passou os últimos seis anos da sua vida em Roma, deixando a cidade somente uma vez por ano, para visitar a Santa Casa de Loreto, à qual tinha muita devoção. A sua incansável e implacável negação de si mesmo, a sua humildade sem afetação, a sua obediência sem hesitações, e o seu perfeito espírito de união com Deus na oração desarmavam as suspeitas que a originalidade de seu modo de existência pudesse suscitar. Mas a sua pobre figura atraía as vaias e as pedras dos garotos de rua, a zombaria dos mais velhos empedernidos, e as críticas e injúrias daqueles ímpios que lhe chamavam de hipócrita, singular e demente. Foi-lhe mesmo negada algumas vezes a Sagrada Comunhão, por ter sido tomado por vagabundo e desocupado.

Gasto pelos sofrimentos e a austeridade, em 16 de Abril de 1783, Bento desfaleceu nos degraus da igreja de Santa Maria dei Monti, em Roma. Foi carregado para uma casa da vizinhança, onde faleceu. A sua morte foi seguida por grande número de milagres, atribuídos à sua intercessão. Espontaneamente, as crianças começaram a gritar pelas ruas: “Morreu o santo! Morreu o santo!”


Foto: © José Luiz Bernardes Ribeiro

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