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10/1 – São Guilherme de Bourges, Bispo e Confessor

Nascido na primeira metade do século xii no seio da família dos condes de Nevers, Guilherme de Donjeon foi educado pelo seu tio materno, arquidiácono de Soissons. Com ele aprendeu a temer os perigos do mundo, a desprezar as riquezas, e a conhecer as alegrias do estudo unido à piedade.

Ordenado sacerdote, foi cónego em Soissons, e depois em Paris. Mas tudo abandonou para entrar na Abadia de Grandmont, na diocese de Limoges, e depois na de Pontigny, onde recebeu o hábito cisterciense. Sendo conhecidas as suas virtudes, Guilherme foi eleito prior e depois abade de Fontaine-Saint-Jean. Depressa deu mostras de ser um monge manso e alegre, embora constantemente preocupado com a mortificação dos sentidos e com as suas paixões.

Por esse tempo, vagando a sé arquiepiscopal de Bourges, Guilherme foi escolhido para a preencher, pelo que o obrigaram, em virtude da obediência, a aceitar o cargo.

Como arcebispo, Guilherme continuou a viver como monge, pela sua grande austeridade, as suas mortificações e a sua grande caridade. Ao mesmo tempo, conquistava os corações por uma grande humildade, doçura e sobretudo por uma alegria contagiante. Entretanto, quando se tratava de princípios, era tão firme, que atraiu a cólera do Rei Felipe II Augusto. Este, que foi o primeiro da dinastia dos Capetos a chamar-se Rei da França, era muito hábil, e transformou a França, de um pequeno Estado feudal, no país mais próspero e poderoso da Europa. Tendo ficado viúvo da Rainha Isabel, casou-se em segundas núpcias com Ingelburga, filha do Rei Valdemar. Mas não se deram bem, e o monarca pediu ao Papa a anulação do seu casamento, sob a alegação de que não tinha sido consumado, o que Ingelburga contestava. Sem esperar a resposta pontifícia, Felipe casou-se com Inês da Merania; e, como não quis voltar à sua legítima esposa, o Papa lançou um interdito contra a França. São Guilherme suspendeu então o culto divino na sua diocese, o que desgostou muito o rei e uma grande parte de seu clero, que não queriam dobrar-se à disciplina. Mais tarde, Felipe Augusto reatou a sua amizade com ele, e muitos clérigos fizeram penitência pública.

Durante os dez anos em que governou a Arquidiocese de Bourges, o santo tornou-se notável pelas missões que pregou contra os hereges maniqueus. Foi quando preparava uma nova visita pastoral por toda a sua arquidiocese que foi atingido pela doença que o levou ao leito. Percebendo que tinha os dias contados, São Guilherme ditou o seu testamento, recebeu os últimos sacramentos, e entrou em agonia. Mas teve ainda forças para receber a comunhão de joelhos.

No leito de morte, São Guilherme fez o seu capítulo jurar que entregaria o seu corpo aos cistercienses. No momento de expirar, exigiu que o deitassem sobre cinzas no chão, e foi assim que entregou o seu espírito ao Criador. Era o dia 10 de Janeiro de 1209.

Acontece que a população se recusou a ceder o corpo do santo aos monges de Chalis, tanto mais que, em 1218, o Papa Honório III inscreveu Guilherme no livro dos santos. O seu corpo foi então depositado em magnífica urna atrás do altar-mor da sua catedral. Para contentar os monges, privados de tão santas relíquias, deram-lhes um braço do santo.

Durante as Guerras de Religião, os protestantes destruíram a urna que continha os restos do santo, mas as suas relíquias foram recolhidas e expostas na igreja de São Leger, no Auvergne, e operaram muitos milagres. Finalmente, durante a nefasta Revolução Francesa, foram profanadas e destruídas pelos sem-Deus.


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