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25/4 – São Marcos Evangelista, Mártir

Autor do segundo Evangelho, colaborador, intérprete e discípulo dilecto de São Pedro, fundador da Sé de Alexandria e amado patrono de Veneza, uma boa parte dos dados que temos da vida de São Marcos é narrada por São Lucas nos Actos dos Apóstolos.

Diz São Paulo que São Marcos era primo de São Barnabé, e filho de uma Maria, provavelmente viúva cristã de alta posição, em cuja casa se reuniam os membros da Igreja nascente de Jerusalém (Act 12, 12 ss). Sendo primo de São Barnabé, que era da Ilha de Chipre e levita, São Marcos deveria pertencer à colónia cipriota de Jerusalém.

Foi para a residência da mãe de Marcos que o Príncipe dos Apóstolos se dirigiu quando saiu da prisão de Herodes. Marcos deveria estar presente nesse momento. Por isso, não é de estranhar que venha a tornar-se secretário e intérprete de São Pedro.

Segundo uma antiga tradição, essa casa da viúva Maria era a mesma onde foi celebrada a Última Ceia, ou seja, o Cenáculo. E Getsemani, o Jardim das Oliveiras, também lhe pertenceria, sendo Marcos o rapaz a que ele proprio se refere no seu Evangelho fugindo por ocasião da prisão de Jesus, com tanta pressa, que deixou a roupa nas mãos dos soldados (Mc 14, 51-52).

Afirma-se também que São Marcos foi do número dos 72 discípulos de Nosso Senhor que se escandalizaram quando Ele lhes disse: “Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós.” Nessa ocasião, ter-se-á afastado, juntamente com outros discípulos; mas São Pedro tê-lo-á reconvertido e levado de volta a Jesus após a ressurreição.

O certo é que São Marcos participou da primeira viagem apostólica de São Paulo e São Barnabé. Quando os dois missionários passaram à Ásia Menor, desembarcando em Perga da Panfília, Marcos separou-se deles sem dar explicações, voltando para Jerusalém. Esta atitude, que parecia uma inconstância e uma fraqueza, não agradou a São Paulo.

Quando, mais tarde, os dois missionários iam empreender a segunda viagem apostólica, São Barnabé quis levar de novo São Marcos, mas o Apóstolo dos Gentios não concordou. Houve uma divergência entre eles, e separaram-se: São Barnabé foi com São Marcos para a ilha de Chipre, e São Paulo, com Silas, rumou para a Síria e para a Cilícia, e depois para a Grécia. Por permissão divina, essa divergência redundou em proveito do Evangelho, pois multiplicou as missões, e não impediu que, mais tarde, São Paulo e São Marcos voltassem a reunir-se.

Mas foi São Pedro o verdadeiro pai e mestre de São Marcos, a quem trata afectuosamente por filho, o que leva muitos a pensar que foi ele quem o baptizou. Por volta do ano 60, vemos São Marcos em sua companhia, em Roma. O apostolado do primeiro Papa na cidade dos Césares fora tão abundante, que ele não conseguia atender sozinho ao número crescente de prosélitos. Marcos secundava-o. E foi por causa desses prosélitos, que lhe pediam com instância que lhes expusesse a doutrina do seu mestre, se possível por escrito, que escreveu o segundo Evangelho.

Sendo o intérprete de São Pedro, compreende-se por que razão deixou de escrever cenas que seriam honrosas para o Príncipe dos Apóstolos. E também por que motivo descreve com detalhe, ao contrário dos outros Evangelistas, a cena da negação de Pedro e o canto do galo. Nesses pormenores, manifesta-se a exemplar humildade de São Pedro, que inspirava a pena de São Marcos.

São Pedro enviou São Marcos para evangelizar Aquileia, cidade então célebre e de considerável tamanho, onde São Marcos formou uma cristandade notável pela ciência religiosa e a firmeza da fé. Altamente satisfeito com o resultado, o Príncipe dos Apóstolos enviou o seu discípulo para evangelizar o Egipto. São Marcos desembarcou em Cirene, na Pentápolis, percorreu a Líbia e a Tebaida, sempre com abundantes conversões, e finalmente fixou residência em Alexandria, no Egipto, onde fundou uma igreja dedicada a São Pedro, que ainda era vivo. São Jerónimo e Eusébio confirmam essa tradição. Por isso, como afirma o Papa São Gelásio, a igreja de Alexandria é patriarcal, e a primeira em dignidade depois da de Roma. Foi aí que, segundo a tradição, ele recebeu o martírio.

No século ix, a Igreja do Ocidente foi enriquecida com os despojos mortais de São Marcos. Os seus sagrados restos, até então venerados em Alexandria, foram trasladados para Veneza, e sob os seus auspícios começou o glorioso destino desta cidade, que havia de durar 1000 anos.


Foto: DR

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