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23/1 – Santo Ildefonso, Bispo e Confessor

Este Arcebispo de Toledo defendeu a Imaculada Conceição da Virgem Maria doze séculos antes da proclamação desse dogma.

O P.e Ribadeneira, discípulo e biógrafo de Santo Inácio, chama a Santo Ildefonso, cuja festa comemoramos hoje, “luz de Espanha, espelho de santos prelados, glória da Igreja, ornamento de sua pátria e devotíssimo capelão da Virgem Nossa Senhora”. Ao que acrescenta o célebre Abade de Solesmes, Dom Próspero Guéranger: “No meio desse coro de ilustres Pontífices que honraram o episcopado espanhol nos séculos vii e viii, aparece em primeiro lugar Ildefonso, o Doutor da Virgindade de Maria, como Atanásio o foi da Divindade do Verbo, Basílio da Divindade do Espírito Santo, e Agostinho da Graça.”

Para a biografia do santo, além dos dados contidos nas suas obras, dispomos principalmente do Beati Ildephonsi Elogiu, de São Julião de Toledo, seu contemporâneo e segundo sucessor na sé toledana, e de biografias um pouco posteriores.

Santo Ildefonso nasceu em Toledo no ano 606, durante o reinado do visigodo Witterico (que reinou de 603 a 610) em Espanha. Era de familia nobre, sobrinho de Santo Eugénio III, bispo de Toledo, com quem começou a sua brilhante educação literária. Foi depois discípulo de Santo Isidoro, Arcebispo de Sevilha.

Ildefonso progrediu tanto no estudo da Filosofia e das Humanidades nessa escola, que, chegando a muito o amor que o seu mestre (Santo Isidoro) lhe professava, quando Ildefonso quis voltar para Toledo, o impediu durante algum tempo, chegando mesmo a encerrá-lo para o obrigar a desistir – curioso facto entre dois santos.

Entretanto, Ildefonso entrou para o Mosteiro de Agali, asilo de paz entre as alamedas do Tejo, templo de virtude, que já havia dado três pastores à capital do reino.

Foi então ordenado diácono por Santo Eládio, Bispo de Toledo. Quando faleceu o abade do seu convento, foi eleito para o seu lugar. Nessa qualidade, participou nos concílios da então capital nos anos 653 e 655, responsáveis pela unificação da liturgia espanhola.

Em 657, Ildefonso foi escolhido pelo Rei Recesvinto (reinou de 653 a 672), o clero e o povo, como era costume na época, para suceder a Santo Eugénio na sé de Toledo. Mas foi preciso que o rei empregasse toda a sua autoridade para que o santo aceitasse o ónus episcopal.

Bispo segundo o Coração de Maria, a Ela dedicou a sua inteligência e a sua alma. Diz-se que, nos momentos vagos da sábia administração da arquidiocese que lhe fora confiada, passava horas e horas diante da imagem da Virgem desfiando ave-marias, pelo que muitos o consideram um precursor da devoção ao rosário.

Sobre a obra magistral do santo, De Virginitate Perpetua Sanctae Mariae adversus Tres Infideles [Sobre a perpétua virgindade de Santa Maria contra três infiéis], em defesa da virgindade de Maria Santíssima, escreve Frei Justo Perez de Urbel, comentando palavras do Santo: “O amor não mede as palavras; por isso o livro de Ildefonso está cheio de fogo, de ira, de indignação, de golpes furiosos e cintilar de espadas. (…) O seu livro sobre a virgindade de Maria [é] um hino triunfal à Virgem, no qual, indignado na veemência da sua lealdade amorosa, clama contra um caluniador da sua Dama e sua Rainha.”

Conforme narram todos os biógrafos do santo, a Mãe de Deus, querendo agradecer-lhe directamente o seu livro sobre a sua virgindade santa, apareceu-lhe, sentada no trono de bispo, rodeada por uma companhia de virgens entoando cânticos celestiais, e investiu-o com riquíssima casula, dando-lhe instruções para a usar somente nos dias festivos designados em sua honra. Esta aparição e a casula foram provas tão claras, que o Concílio de Toledo ordenou um dia de festa especial para perpetuar a sua memória.

Santo Ildefonso morreu a 23 de Janeiro de 667.


Foto: El Greco [Public domain]

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