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21/9 – São Mateus Evangelista, Apóstolo

Mateus, filho de Alfeu, como diz São Marcos (2, 14), também se chamava Levi, pelo costume que os hebreus tinham de adoptar um segundo nome. Depois do encontro com Nosso Senhor, passará a ser conhecido apenas pelo primeiro nome, que significa “dom de Deus”.

Homem rico, colector de impostos para os romanos, deixou a sua banca para seguir Nosso Senhor, tornando-se o primeiro Apóstolo a escrever a sua vida. Esta profissão, que consistia em ter comércio público e banco aberto para passar letras de câmbio, expedir mercadorias, arrecadar tributos e os passar a Roma, era mal vista pelos judeus, que davam o nome pejorativo de publicanos àqueles que a exerciam. Ainda mais porque, sendo uma profissão muito lucrativa, lhes proporcionava muitas ocasiões de obterem ganhos ilícitos.

O futuro Apóstolo vivia em Cafarnaum, importante centro de tráfico às margens do lago de Genesaré. Ele próprio narra o seu encontro com Jesus: o Divino Mestre acabara de operar, em Cafarnaum, mais um dos seus estupendos milagres, curando o paralítico que, de modo dramático, os companheiros haviam feito descer do tecto da casa onde Se encontrava o Messias, e pouco depois, “seguindo Jesus o seu caminho, viu, sentado ao telónio, um homem de nome Mateus, e disse-lhe: ‘Segue-Me’. Ele, levantando-se, seguiu-O” (9, 9). São Marcos e São Lucas dão praticamente a mesma versão.

Para comemorar o seu chamamento para o Colégio Apostólico, Mateus “ofereceu um grande banquete” (note-se a palavra “grande”!) para o qual convidou, além do Divino Mestre e dos seus primeiros discípulos, “muitos publicanos e pecadores” (9, 10). Esta atitude provocou a indignação dos fariseus, que interpelaram os discípulos de Jesus: “Porque é que o vosso mestre come com os publicanos e os pecadores?” Cristo Jesus, ouvindo-os, deu-lhes a irretorquível resposta: “Nâo são os sãos que têm necessidade de médico, mas os enfermos. Ide aprender o que significa: ‘Eu quero a misericórdia, e não o sacrifício’” (9, 13).

Note-se que, apesar de os publicanos serem tido como pecadores pelos fariseus, a sua profissão era lícita, e muitos deles eram judeus praticantes e agiam de boa fé, como se vê no Evangelho de São Lucas, que narra que, entre os que foram ter com o Precursor para se baptizarem, estavam publicanos, que lhe perguntaram: “Mestre, que havemos de fazer [para nos salvar]?” E João Baptista não lhes disse que abandonassem a sua profissão, mas que não exigissem mais do que o estabelecido (Lc 3, 12-13), ou seja, que fossem honestos no seu trabalho. Pelo que se vê que havia muitos que tinham boa fé.

Assim, afirma D. Guéranger: “Mateus tinha uma alma recta; iluminado por Deus, deixou tudo, cedeu a outro o seu ofício, e seguiu Jesus. Desde então, mereceu com razão ser chamado Mateus: dom de Deus. Mas quão maior era o dom que Deus lhe fazia que o que Mateus fazia a Deus! O Mestre veio escolher o que no mundo havia de mais baixo, o mais desprezado na ordem social, para o converter em príncipe do seu povo, e o elevar à dignidade mais alta que existe na Terra depois da dignidade da maternidade divina: a dignidade de Apóstolo”.

D. Guéranger segue a tradição de que São Mateus “morreu na Etiópia (não de África), de onde o seu corpo foi levado para Salerno; a igreja catedral dessa cidade é-lhe dedicada. Clemente de Alexandria diz que São Mateus era de grandíssima austeridade de vida, e a tradição conta que morreu mártir por haver defendido os direitos da virgindade que se oferece a Deus” (Ano Litúrgico).


Foto: Michelangelo Merisi da Caravaggio [Public domain]

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