Sobrinho do rei mártir do mesmo nome, Santo Eduardo devolveu à Inglaterra a paz e a prosperidade depois dos anos conturbados da dominação dinamarquesa. Em consenso com a mulher, guardou perpétua virgindade.
Santo Eduardo era filho do Rei Etelredo II, que governou Inglaterra entre 978 e 1016, e da segunda mulher deste, Ema, filha do Duque da Normandia, e nasceu por volta do ano 1000.
Em 1013, Sweyn, o viking que reinava na Dinamarca, invadiu Inglaterra e apoderou-se do trono, o que já tinha sucedido com um antecessor seu. Etelredo fugiu com a família para a Normandia. Com a morte de Sweyn, no ano seguinte, conseguiu reconquistar o trono, mas por pouco tempo, pois faleceu em 1016. Subiu então ao trono Edmundo, meio-irmão de Eduardo, que continuou a luta contra os invasores, mas foi assassinado, e Canuto da Dinamarca apoderou-se do trono. O viking pediu a mão de Ema em casamento, estipulando que os filhos deste matrimónio seriam seus herdeiros, em detrimento de Santo Eduardo e de seu irmão, que tinham ficado na Normandia.
Tendo crescido no palácio do Duque da Normandia, Eduardo soubera preservar-se da corrupção e dos vícios que reinavam na corte e, desde sua infância, esmerou-se em praticar as virtudes contrárias a esses vícios. Era dotado de um carácter reflexivo e silencioso, no qual se adivinhavam as marcas do infortúnio. Procurava a conversa de homens de piedade e saber, tendo sabedoria e gravidade superiores à idade. Quando soube da morte de Canuto, em 1035, Eduardo reuniu uma frota de 40 navios, e cruzou o estreito, desembarcando em Southampton. Mas não encontrou em Inglaterra o apoio de que necessitava: a sua própria mãe declarou-se contra a empresa. Eduardo foi, pois, obrigado a voltar para a Normandia
Entretanto, Haroldo, sucessor de Canuto, faleceu em 1039. Por essa altura, os ingleses estavam fartos de viver sob a dominação estrangeira, além de que a fama das virtudes de Eduardo havia chegado à Inglaterra; concordaram, pois, em lhe restituir o trono de seus pais e prepararam o seu retorno ao reino.
Eduardo foi sagrado no Domingo de Páscoa do ano de 1042; já tinha 40 anos, e havia passado quase 30 no exílio. Soube, porém, aproveitar os ensinamentos da vida, principalmente os da desgraça. Procurou esquecer o passado, preocupado somente em se tornar um verdadeiro pai para os seus súbditos.
Uma vez afirmado o seu poder, Eduardo consagrou todos seus esforços a realizar o ideal do príncipe cristão: conservar a paz, propagar a religião, devolver o vigor às antigas leis, diminuir as cargas do povo. Tais foram os cuidados principais do seu governo.
Santo Eduardo, de acordo com o seu primeiro biógrafo, “era pobre nas riquezas, sóbrio nas delícias, humilde na púrpura e, sob a coroa de ouro, desprezador do mundo. Apreciava tão pouco as riquezas que o seu tesouro parecia mais o erário dos pobres e a coisa pública de todo mundo. Não se alegrava com a abundância, nem se entristecia na necessidade. Era sobretudo liberal com as igrejas e os mosteiros”, e a essa liberalidade se deve a fundação da grande Abadia de Westminster, que seria o panteão dos reis e dos grandes homens da Inglaterra.
Os antigos cronistas colocam Santo Eduardo entre os melhores reis do seu tempo, dizendo que foi bom, piedoso, compassivo, pai do povo, protector dos débeis, mais amigo de dar do que de receber, de perdoar do que de castigar.
Santo Eduardo faleceu no dia 5 de Janeiro de 1066, e foi canonizado em 1161 por Alexandre III. O seu sagrado corpo foi levantado da terra 36 anos depois da sua morte, achando-se tão inteiro e fresco, com todos os membros tão flexíveis, como se estivesse vivo, e com os trajes tão novos como se acabassem de lhos fazer.