Os milagres de Lourdes mostram que Nossa Senhora tem pena dos enfermos. Porém, muito mais do que o bem físico, Ela deseja fazer bem às almas, como medianeira que é de todas as graças. Ela cura com amor materno, e faz as pessoas sentirem sua bondade para estimular nelas o desejo de se curarem dos males e doenças da alma.
Este aspecto de Nossa Senhora enquanto Medianeira de todas as Graças, no âmbito da devoção a Nossa Senhora de Lourdes, parece-me insuficientemente acentuado. Verdadeiramente Rainha, Ela pode tudo junto a Deus, e por esta forma governa o mundo. Ela é a onipotência suplicante, porque por meio da súplica Ela tudo pode junto d’Aquele que pode tudo. Portanto, o Reinado de Nossa Senhora é o reinado das súplicas que Ela faz, do valor das orações que Ela oferece.
A realeza de Nossa Senhora está numa conexão íntima com o fato de ser Ela o canal de todas as graças. Todas as graças que são concedidas aos homens passam pelas mãos d’Ela; todos os pedidos que os homens fazem são apresentados por meio d’Ela. Se todos os santos e anjos do Céu pedissem algo que não fosse por meio d’Ela, não obteriam. Desse modo o foco da predileção divina se concentrou inteiro na Santíssima Mãe de Deus.
As aparições de Lourdes se inserem numa série de aparições de Nossa Senhora no século XIX, que em 1917 culminaram com Fátima, onde Ela afirmou seu Reinado na Terra. Nas noites extremas de nossos dias, essas aparições são como uma clarinada do Reino de Maria, muito vinculado com a mediação universal de todas as graças. Por isso Nosso Senhor Jesus Cristo concedeu essa fecundidade estupenda de milagres em Lourdes, obtidos sob a égide de sua Mãe Santíssima.
Lembro-me de uma cançãozinha religiosa, que se cantava no meu tempo de jovem: “Salve, oh Mãe! Salve, oh Virgem Santíssima! Do universo portento e primor; mais esplêndida glória que a Tua, só tem Deus, do Universo Senhor”. Uma piedosa canção, reconhecendo que infinitamente abaixo de Deus está todo o Universo. E tudo o que está abaixo de Nossa Senhora está incomensuravelmente abaixo d’Ela. É o que a perenidade das curas de Lourdes confirma.(Excertos da conferência de Plinio Corrêa de Oliveira em 4-2-1965).