Toda a piedade verdadeira tem por objetivo dar glória a Deus e conduzir o homem à virtude. Para uma e outra coisa — que aliás se confundem — a devoção ao Coração Imaculado de Maria é um verdadeiro dom da Providência a este pobre e dilacerado século.
Nossa Senhora é a Medianeira de todas as graças. Querer rezar sem a intercessão d´Ela é o mesmo que pretender voar sem asas, diz Dante. Se desejamos que nossos atos de amor, de louvor, de ação de graças e de reparação cheguem até o trono de Deus, devemos depositá-los nas mãos de Maria Santíssima. Seria ridículo imaginar que Nossa Senhora constitui um desvio, e que atingimos mais diretamente a Deus se não nos dirigirmos a Ela. O contrário é que é verdade. Só por meio d´Ela é que chegamos a Deus.
Prescindir de Nossa Senhora para chegar a Jesus Cristo, sob o especioso pretexto de que Nossa Senhora constitui um anteparo entre nós e seu Divino Filho, é tão estulto quanto pretender analisar os astros sem telescópio, “diretamente”, por imaginar que o cristal das lentes constitui um anteparo entre os astros e nós. Quem quisesse fazer astronomia “diretamente”, a olho nu, não faria astronomia, mas tolice. Pretender ter vida de piedade, sem o auxílio de Nossa Senhora, é o mesmo que fazer astronomia a olho nu…
Saibamos procurar a graça nas fontes onde realmente ela jorra, e com o auxílio dela tornemo-nos fortes para todas as austeridades que o Espírito Santo de nós exige. Entre essas fontes da graça está, sem dúvida, em lugar relevantíssimo, a devoção ao Coração Imaculado de Maria.
Na Sagrada Escritura encontramos esta frase: Porque foram fracos, eu lhes abri uma porta que ninguém poderá fechar. Esta porta aberta para a fraqueza do homem contemporâneo é o Coração Imaculado de Maria.
Plínio Corrêa de Oliveira- trechos de artigo publicado em “Legionário”, de 30-7-44