A Sagrada Escritura só nos dá o nome de três anjos: São Miguel, São Gabriel e São Rafael. Dos outros, conhecemos muitas actuações e experimentamos o seu benéfico influxo, mas desconhecemos os nomes. Tudo o mais que se diz a seu respeito vem-nos por revelações particulares, e estas só nos dão garantia de autenticidade quando aprovadas pela Santa Madre Igreja.
A festa de hoje, com o nome de Dedicação de São Miguel Arcanjo, era a mais antiga das festas consagradas ao Príncipe da Milícia Celeste. Ele é o anjo do Povo de Deus, o seu defensor no tempo de angústia, como diz o Profeta Daniel (10, 12-21): “Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande príncipe, constituído defensor dos filhos do seu povo, e será um tempo de angústia como jamais houve”.
São Miguel é chamado a defender este povo contra os seus inimigos internos e externos. No Novo Testamento, São Miguel é o protector da Santa Igreja. O Papa Leão XIII, depois de uma visão, mandou que no fim da missa se rezasse uma oração a São Miguel Arcanjo, para nos proteger no combate contra “Satanás e os outros espíritos malignos, que vagueiam pelo mundo para perder as almas”.
São Gabriel é o anjo da Encarnação. Foi ele que anunciou a Daniel que, daí a 70 semanas, havia de nascer o Messias (Dan 9, 20-27). Apareceu também a Zacarias, comunicando-lhe que sua esposa, apesar da velhice, daria à luz o Precursor: “Eu sou Gabriel: assisto diante do trono de Deus, e fui enviado para anunciar-te esta boa nova” (Lc 1, 11-22). Foi ainda ele que, aparecendo à Santíssima Virgem, lhe pediu o consentimento para ser a Mãe do Messias.
São Rafael é o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias na sua viagem de Nínive até a Média, defendendo-o dos perigos, e que patrocina o seu casamento com Sara. É também ele quem cura o velho Tobias da cegueira, dizedo-lhe: “Quando oravas com lágrimas e sepultavas os mortos, era eu quem apresentava ao Senhor as tuas preces. Agora, o Senhor Deus mandou-me para te curar. Sou o anjo Rafael, um dos sete anjos que assistem diante do Senhor” (Tob 12-15).
Honrando os anjos, exaltamos o poder de Deus, Criador do mundo visível e invisível, pois, como diz o Prefácio da Missa de hoje, “resulta em glória para Vós a honra que lhes prestamos como criaturas dignas de Vós; e, na sua inefável beleza, Vós mostrais como sois grande e digno de ser amado sobre todas as coisas”.