Menu Fechar

28/1 – São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja

Proclamado “a flor e a honra do mundo” por Santo Alberto Magno, foi cognominado Doutor Angélico pelo Papa São Pio V,  tendo recebido da Santa Igreja o título oficial de  Doutor Comum devido à sua incomparável sabedoria teológica e filosófica.

Tomás nasceu por volta de 1227 na cidadezinha de Aquino, na Campagna Felice italiana, aos pés do famoso mosteiro de Monte Cassino, sendo aparentado com imperadores e reis, incluindo o de França, São Luís IX.

Aos cinco anos, foi enviado para o Mosteiro de Monte Cassino, para estudar. A serenidade do seu semblante, a inalterabilidade do seu temperamento, a sua modéstia e suavidade eram marcas sensíveis de que Deus o havia precedido com as suas primeiras graças.

Reflexivo e recolhido, o jovem passava muito tempo a pensar. A um frade que lhe perguntou em que pensava, respondeu com a interrogação que mostra as suas cogitações infantis: “Que é Deus?” Mais tarde, responderá a essa questão como ninguém.

Aos dez anos, Tomás foi mandado para Nápoles, para prosseguir os seus estudos na Universidade. O seu primeiro biógrafo, Guilhermo de Toco, relata que “nas aulas, o seu génio começou a brilhar de tal forma, e a sua inteligência a revelar-se tão perspicaz, que repetia aos outros estudantes as lições dos mestres de maneira mais elevada, mais clara e mais profunda do que tinha ouvido”.

Foi em Nápoles, anos depois, que o adolescente Tomás travou relações com a Ordem Dominicana, fundada vinte anos antes, que à época representava a vanguarda doutrinadora e combativa da Igreja. Quis nela ingressar, mas só o conseguiu em 1243, com o falecimento de seu pai.

No ano seguinte, Tomás fez a sua profissão religiosa e foi enviado para Paris. Nesse famoso centro universitário, brilhava então, pelo seu saber, o dominicano Alberto de Bollstädt, que passará para a posteridade como Santo Alberto Magno. Diz o erudito escritor português João Almeal: “O encontro de Tomás de Aquino com Alberto Magno representa um facto de extraordinária transcendência na história da cultura. Talvez se possa dizer mesmo que são os dois colaboradores necessários à elaboração do mais vasto e consistente sistema filosófico de todas as épocas.”

Apreciando devidamente aquele tesouro, Santo Alberto profetizou: “Chamamos-lhe o boi mudo; mas um dia virá em que os seus mugidos a expor a doutrina hão-de ouvir-se no mundo inteiro.”

Em Colónia, Tomás recebeu a ordenação sacerdotal e foi nomeado assistente de Santo Alberto Magno.

Segundo a tradição, São Boaventura – o grande mestre e santo franciscano — e São Tomás receberam o doutoramento no mesmo dia, na Universidade de Paris.

A sua sabedoria e a sua ciência provinham da pureza e santidade de vida. Pouco antes de morrer, confessou a Frei Reinaldo, seu secretário, que Deus o havia preservado de todo pecado que destrói a caridade na alma. Além disso, “nunca se dava ao estudo ou à composição antes de haver, pela oração, tornado Deus propício a si; e confessava com candura que tudo o que sabia o devia menos ao seu estudo e ao seu próprio trabalho, do que à iluminação divina”.

O santo de Aquino não é um expectador frio dos acontecimentos de sua época; pelo contrário, vive as suas lutas, é beligerante no mais nobre sentido da palavra, numa época na qual florescem os espíritos combativos. Está convencido da sua vocação apostólica, e vive-a com juvenil entusiasmo e com o fogo que lhe comunicou a alma ardente e dulcíssima do patriarca São Domingos.

Depois de ter escrito a sua celestial Suma Teológica e outras obras que ainda hoje provocam admiração em todo o mundo, e após uma visão que teve enquanto celebrava a Missa na capela de São Nicolau, em Dezembro de 1273, São Tomás não voltou a escrever. E àqueles que insistiam com ele para que terminasse a sua obra, respondia: “Não posso. Tudo quanto escrevi me parece unicamente palha…”. É que, naquela visão, foram-lhe revelados mistérios e verdades tão altas, que tudo o mais lhe parecia sem valor.

Ao receber os últimos sacramentos no leito de morte, em 1274, com menos de cinquenta anos, afirmou diante da hóstia consagrada: “Espero nunca ter ensinado nenhuma verdade que não tenha aprendido de Vós. Se, por ignorância, fiz o contrário, revogo tudo e submeto todos meus escritos ao juízo da Santa Igreja Romana.”

Santo Alberto Magno, que foi seu mestre e o conhecia muito bem, dizia do discípulo que era “a flor e a honra do mundo, o homem mais sábio do seu tempo até ao fim do mundo, sem temor de ser superado por ninguém, cujos escritos brilham sobre todos os demais pela sua pureza e a sua veracidade”.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *