Em 621, os visigodos, vindos da França, tornaram-se senhores de Espanha. Entretanto, no ano de 711, os árabes, vindos do norte da África, repeliram-nos para as montanhas das Astúrias e conquistaram quase toda a Península Ibérica. Foram necessários quase seis séculos para os expulsar definitivamente, e durante esse longo período eles levaram para África numerosos cristãos como escravos: os que renegavam a fé católica e abraçavam o islamismo eram tratados como homens livres; os outros, se não fossem remidos, eram vendidos como escravos aos sarracenos. Neste caso, era necessário pagar o resgate para obter a sua libertação, e muitas famílias não tinham posses para isso. Enquanto aguardavam ser remidos, os cristãos tinham de suportar trabalhos e sofrimentos inauditos para se manterem firmes na fé.
Foi com o fim de atender a essa angustiosa situação que Nossa Senhora inspirou, em 1218, a São Pedro Nolasco, a São Raimundo de Penhaforte e ao Rei de Aragão, D. Jaime I, uma ordem religiosa – a ordem de Nossa Senhora das Mercês para a Redenção dos Cativos – com o fim de socorrer aqueles desgraçados, expostos ao perigo de apostasia.
Por isso, aos três votos de religião, os religiosos mercedários acrescentavam o heroico de se entregarem como reféns no caso de não disporem de outros meios para desempenhar a sua missão. Graças ao heroísmo desses frades e à generosidade dos cristãos, a obra foi fecunda em resultados, e espalhou-se para vários países da Europa e da América.
Dizia o Breviário Romano que “foi com o fim de agradecer a Deus e à Santíssima Virgem os benefícios de tal instituição que se estabeleceu a festa de Nossa Senhora das Mercês”, colocada no dia 24 de Setembro, a festa da aparição da Virgem a São Pedro Nolasco. Esta festa foi estendida à Igreja universal em 1696.