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24/4 – São Fiel de Sigmaringa, Mártir

Modelo de leigo e advogado católico, de religioso e de mártir, São Fiel de Sigmaringa foi suscitado por Deus no início do século xvii para pregar uma autêntica reforma católica na Suíça alemã, e reconduzir à verdadeira Igreja os que se haviam deixado seduzir pela heresia de Calvino.

Este santo nasceu em Sigmaringa, nas margens do Danúbio, no Principado de Hohenzollern, Alemanha, filho de João Rey, descendente de espanhóis, um homem de fé sólida e honestidade comprovada – que, pelas suas qualidades morais e administrativas, chegou a ser escolhido para conselheiro da corte e prefeito da sua cidade adotiva –, e de Genoveva de Rosemberg.

Marcos Rey, como se chamava o menino, professou desde tenra idade entranhada devoção à Virgem e horror ao pecado, revelando uma formação religiosa tão profunda, que marcou toda uma vida que seria depois coroada com a palma do martírio.

Após diplomar-se em Direito Civil e Canónico, Marcos aceitou o convite de alguns condiscípulos para lhes servir de companheiro e guia numa viagem cultural por várias nações da Europa. Conhecendo diversas línguas, exerceria também a função de intérprete.

Estabelecendo-se em Colmar como advogado, e sendo brilhante – como aliás em tudo –, em breve adquiriu fama e clientela. Mas o Dr. Marcos Rey preferia as causas dos pobres às dos ricos, para poder defendê-los gratuitamente. Nas suas defesas, jamais utilizou recurso algum que pudesse tisnar a honra da parte contrária.

Certo dia, a Providência serviu-se de um de seus sucessos para o apartar do mundo. Defendendo uma causa justíssima, fê-lo com tanta maestria que encerrou o caso de vez. O advogado da parte contrária disse-lhe então que, se não protelasse os seus casos para ir vivendo por conta dos clientes, acabaria por morrer de fome: era preciso esticá-los para ter o necessário para viver.

Essa observação interesseira e muito mundana desgostou de tal maneira o santo, que, como outro grande santo e famoso advogado, Santo Afonso Maria de Ligório, o Dr. Marcos Rey se desiludiu do mundo, decidindo abandoná-lo de vez.

Depois de fazer exercícios espirituais, Marcos pediu a admissão no convento capuchinho de Friburgo. Por sugestão do superior, recebeu primeiro a ordenação sacerdotal. Na festa de São Francisco de Assis de 1612, cantou a sua primeira Missa e recebeu o hábito de capuchinho, trocando o seu nome baptismal pelo que o imortalizaria, Fiel de Sigmaringa.

No ano de 1621, o exército austríaco invadiu a região dos grises suíços, tendo o santo sido escolhido para capelão do seu exército. Uma peste atacou as tropas, fazendo inúmeras vítimas. Fiel corria de um lado para o outro, a fim de levar aos enfermos auxílios materiais e de religião, pedindo donativos aos ricos para comprar os remédios necessários aos feridos. Para tal, recorreu ao próprio Arquiduque Leopoldo, Generalíssimo do exército austríaco. Com a sua prudência e caridade, apaziguou um grupo de soldados que se tinham rebelado por falta de víveres.

Quando o Arquiduque Leopoldo recuperou certas zonas do país dos grises que lhe haviam pertencido, pensou em enviar para lá missionários zelosos que pregassem a fé católica e fizessem voltar ao grémio da Igreja os infelizes que dela se haviam apartado por causa da pregação dos calvinistas.

A Congregação da Propaganda Fidei, de Roma, nomeou São Fiel chefe dos missionários. Pois quem não se convenceria ouvindo esse apóstolo desafiar os ministros protestantes, fazendo cair por terra todas as suas argumentações? Vendo-o caminhar a pés nus para catequizar as crianças, procurando as ovelhas desgarradas por entre o gelo, os rochedos escarpados e os precipícios, até o coração mais empedernido no erro se sentia comovido.

Naturalmente que esta actividade acabou por suscitar o ódio nos inimigos da fé. No dia 24 de Abril de 1622, saindo da igreja depois de celebrar, São Fiel caiu nas mãos de um grupo de soldados protestantes, dirigidos por um ministro da mesma seita. Recusando-se a abraçar o calvinismo, declarou: “Eu vim refutar vossos erros, e não aceitá-los.”

A esta resposta, um dos hereges desferiu-lhe um golpe na cabeça, lançando-o por terra. O mártir conseguiu ainda pôr-se de joelhos e dizer: “Ó Maria, Mãe de Jesus, assisti-me neste transe!” Outro golpe lançou-o novamente por terra; despedaçaram-lhe o crânio com uma maça, e tal era o ódio que lhe tinham os hereges, que o seu corpo foi apunhalado várias vezes sem piedade.

Devido ao grande número de milagres que desde então começaram a operar-se por intercessão de São Fiel de Sigmaringa, ele foi beatificado em 1729, e canonizado 17 anos depois.


Foto: Andreas Praefcke [Public domain]

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