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21/6 – São Luís Gonzaga, Confessor

Primogénito de Ferrante Gonzaga, Marquês de Castiglione e Príncipe do Sacro Império, e de Laura, que fora dama da Rainha Isabel de França, esposa de Filipe II de Espanha, Luís nasceu no dia 9 de Março de 1568 em Castiglione, Itália. A dinastia dos Gonzaga, uma das mais ilustres de toda a Itália, com domínios de Mântua a Bréscia, e de Ferrara à fronteira da Lombardia, acumulara ao longo dos anos riquezas, altos cargos eclesiásticos e principados na sua aristocrática linhagem.

Se o Marquês tinha no sangue o espírito combativo e militar dos seus ancestrais, a Marquesa completava a belicosidade do marido com uma profunda piedade. E Luís foi influenciado pelos dois.

Desde muito pequeno, gostava de ouvir, falar e pensar em Deus. Teve assim, quase desde o berço, um dom muito elevado de oração, sendo Deus o seu único mestre.

Unido a essa feliz propensão do seu carácter e à sua piedade precoce, podia-se perceber nele o borbulhar belicoso do sangue ancestral. O Marquês ofereceu-lhe, pois, uma armadura, um elmo e uma espada em ponto pequeno, bem como um arcabuz de tamanho reduzido, e levou-o para o acampamento de Casal-Major, onde ia passar revista às tropas que levaria consigo para a guerra do rei espanhol contra Túnis.

Luís gostava de estar junto aos tércios espanhóis — a mais famosa tropa de infantaria então existente —, imitando o seu passo marcial. Muitas vezes, porém, repetia o seu jargão e as palavras inconvenientes de alguns deles. O tutor chamou-lhe a atenção, dizendo-lhe que não era uma linguagem para lábios limpos. E, embora o menino, então com cinco anos, não lhes entendesse o sentido, chorou amargamente essa falta involuntária, que acusará sempre como uma das mais graves da sua vida.

Desde então, a criança começou um processo de sério afervoramento espiritual. Segundo o parecer de outro santo, Roberto Belarmino, Doutor da Igreja e futuro confessor do primogénito do Marquês de Castiglione, “na idade de sete anos é que Luís começou a conhecer mais a Deus, desprezar o mundo e empreender uma vida de perfeição. Ele mesmo me repetia com frequência que o sétimo ano da sua idade marcava a data da sua conversão”.

A infância do menino transcorreu de castelo em castelo, de corte em corte, de festa em festa, mantendo, contudo, sempre o coração ancorado em Deus. Provou assim que era perfeitamente possível cultivar a santidade no meio dos esplendores da nobreza. Com efeito, aos 12 anos já atingira alta contemplação. Para isso, fora-lhe de muita ajuda um livro de São Pedro Canísio, apóstolo da Alemanha. A meditação contínua tornou-se para ele quase uma segunda natureza.

Em 1581, Luís foi levado pelo pai para Espanha, para ser pajem dos infantes naquele país. Mas Deus tinha sobre ele outros desígnios. Na corte de um dos mais poderosos soberanos da Terra, afirma-se no coração de Luís o desejo de se apartar do mundo e se dedicar totalmente a Deus. Tendo cumprido já os 16 anos, decidiu falar sobre isso com o pai. O Marquês, que, encantado com as qualidades do filho, lhe augurava um brilhante porvir no mundo, respondeu-lhe com um não.

Mas, à força de muitas súplicas, o Marquês cedeu. E Luís — tendo também, como príncipe do Sacro Império, obtido a permissão do Imperador — pôde abdicar de todos os seus direitos dinásticos a favor de seu irmão Rodolfo, e entrar no noviciado da Companhia de Jesus em Roma, aos 18 anos incompletos.

Dentro do noviciado jesuíta, Luís continuou a ser motivo de edificação para todos, como sucedera quando estava no século. Só saía para visitar os doentes e os encarcerados e, mesmo nessas ocasiões, mantinha o seu recolhimento em Deus e cumpria os seus actos de devoção. Dizia que “aquele que não é homem de oração não chegará jamais a um alto grau de santidade, nem triunfará jamais sobre si mesmo”; e que toda a tibieza e falta de mortificação que se via em almas religiosas não procediam senão da negligência na meditação, “que é o meio mais curto e eficaz para se adquirir as virtudes”.

Pouco depois do falecimento do seu progenitor, Luís teve de ir a Castiglione resolver uma áspera disputa entre seu irmão Rodolfo e seu tio, a propósito de terras. Sua mãe, que o venerava muito e com sentimentos de verdadeira nobreza, recebeu-o de joelhos.

Quando estava hospedado no colégio da Companhia, em Milão, teve a revelação de que em breve morreria. Exultante, voltou para Roma, e empregou os seus últimos dias cuidando das vítimas de uma terrível epidemia que devastava a Cidade Eterna. Com isso, ganhou mais méritos. Vítima do contágio, faleceu santamente a 21 de Junho de 1591.

Na epístola apostólica Singulare Illud, de 1926, sobre o centenário da canonização de São Luís, o Papa Pio XI escreve: “Contemplar e imitar São Luís Gonzaga é o melhor meio que pode empregar a juventude para atingir a santidade. Desde que a Igreja o proclamou Padroeiro da Juventude, São Luís tem exercido uma influência maravilhosa sobre os jovens. Basta recordar que é o modelo e protector de São Domingos Savio e de São João Bosco, que tanto pregou a sua devoção e a deixou em herança aos Salesianos. Em virtude de nossa autoridade, proclamamos São Luís Gonzaga celeste patrono da juventude universal.”


Foto: © Ralph Hammann - Wikimedia Commons [Public domain]

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