Santo Estevão nasceu em 977, filho de Geysa, quarto duque dos húngaros, que havia se convertido do paganismo ao cristianismo graças ao empenho de sua virtuosa esposa, Sarolta. Recebeu o nome do protomártir em seu louvor. A criança soube pronunciar o nome admirável do Salvador antes de saber pedir o pão e de saudar seu pai e sua mãe. Viram-se nele, desde a infância, tão belas inclinações para a piedade, que não se duvidou de que levaria avante fielmente o que o Céu havia prometido e predito.
O menino recebeu como tutor Teodato, Conde da Itália, que, de comum acordo com Santo Adalberto, Bispo da Boémia, o fez progredir nas sendas da virtude e da ciência. Os conhecimentos com que ilustrou a sua inteligência e as virtudes com que adornou a sua alma fizeram de Estevão o Príncipe mais completo do seu século.
Quando Estevão atingiu os 15 anos, seu pai confiou-lhe parte dos negócios do Estado e, vendo que Deus o havia dotado de uma prudência singular, não tomava nenhuma medida importante sem ouvir o seu parecer. Um pouco mais tarde, confiou-lhe também o comando do exército.
No ano de 997, duas mortes feriram o generoso coração de Estevão: a de seu pai, a quem havia de suceder, e a de Santo Adalberto, que considerava seu pai espiritual. Este, tendo ido evangelizar os povos da Prússia, lá obteve a coroa do martírio.
O primeiro cuidado de Estevão após ascender ao trono ducal foi fazer a paz com os seus vizinhos, para poder dedicar-se ao estabelecimento do cristianismo nos seus Estados. Bem sucedido na primeira empresa, não o foi na segunda, pois alguns dos seus vassalos, ainda muito apegados ao paganismo e às superstições, levantaram-se em armas contra ele, atacando a cidade de Veszprem, a mais importante do Ducado depois de Esztergom.
Estevão preparou-se com jejum e oração para a campanha militar. E, embora contasse com um número inferior de soldados, desbaratou o inimigo.
Livre assim para prosseguir os seus desígnios, edificou igrejas e mosteiros. E, para evangelizar o seu povo, mandou ir de outros países sacerdotes e religiosos recomendáveis pela sua piedade, alguns dos quais viriam a receber a coroa do martírio.
Mas faltava ao jovem Duque a chancela do Sumo Pontífice. Por isso, enviou uma embaixada a Roma com a finalidade de oferecer ao Pai comum da cristandade aquele novo Estado cristão, e de lhe pedir a bênção apostólica e a confirmação das dioceses criadas. E sobretudo, que ele concedesse ao novo Duque cristão o título de Rei, para que este pudesse levar avante com mais autoridade tudo o que pudesse servir para a propagação da fé e da verdadeira religião.
O Pontífice concedeu então ao Duque magiar o título de Rei, e a coroa oferecida pelo Papa tornou-se para os húngaros, não apenas uma relíquia, mas o símbolo da sua própria nacionalidade. A cruz da coroa ficou um tanto inclinada devido a um acidente, e assim se mantém até os nossos dias.
Como todos os eleitos de Cristo, Estevão foi agraciado com a cruz. Durante três anos, foi atormentado por dores agudas e violentas; e perdeu os filhos, restando-lhe apenas o mais velho, Américo, no qual, pelas suas disposições à virtude, depositara todas as esperanças: ele era o consolo da sua vida e a esperança da sua velhice. Mas Deus quis também conduzir esse filho ao reino do Céu, para o qual estava tão maduro que foi depois elevado à honra dos altares.
Santo Estevão faleceu no dia da Assunção de 1038, tendo sido canonizado pelo Papa Inocêncio XI em 1686.