
No ano de 1980, completaram-se cem anos da carta encíclica de Leão XIII Grande Munus, de 30 de Setembro de 1880, com a qual esse Pontífice recordou a toda a Igreja as figuras e a actividade apostólica destes dois santos. Ao mesmo tempo, introduziu a sua festa litúrgica no calendário da Igreja.
Cirilo e Metódio eram dois irmãos gregos, nascidos no século ix em Tessalónica, cidade que foi evangelizada por São Paulo. Os seus nomes verdadeiros eram Miguel e Constantino, mas ao fazerem-se monges mudaram-nos para aqueles pelos quais são universalmente conhecidos. Desde cedo, estabeleceram relações culturais e espirituais com a Igreja patriarcal de Constantinopla, então florescente pela sua cultura e actividade missionária.
Cirilo era um filósofo de grande valor, e já sacerdote. Metódio era governador duma colónia eslava na Macedónia.
Os dois irmãos escolheram o estado religioso com o intuito de prestarem serviços missionários à Igreja, começando a evangelizar os cazários da Crimeia. Mas a sua grande obra foi a missão que realizaram na Grande Morávia, entre os povos que habitavam a península balcânica e as terras banhadas pelo Danúbio.
A Morávia já tinha sido evangelizada por missionários italianos e alemães. Mas, como não conheciam a língua local, estes missionários tiveram poucos frutos. Foi então que, em 863, o Rei Wratislaw pediu ao Imperador de Constantinopla novos apóstolos, mas que conhecessem a língua eslava; os dois irmãos foram enviados em 864.
Como, à época, só tinham as ordens menores, dedicaram-se apenas a fazer apostolado com a juventude e a traduzir parte da Bíblia e a liturgia para a língua eslava, para o que inventaram caracteres eslavos especiais.
Dada à dificuldade que os eslavos tinham em entender a língua latina, em 867, os dois irmãos foram a Roma pedir ao Papa Adriano II permissão para que, naquela região, o ofício divino fosse rezado em língua vulgar. O Papa recebeu-os muito bem, aceitou a proposta, e consagrou-os bispos.
Ocorreu então que Cirilo, tendo o pressentimento de que o seu fim estava próximo, ficou em Roma, enquanto Metódio regressava à Moravia.
Uma vez chegado ao seu campo de acção, o apóstolo encontrou a oposição fervorosa do clero alemão. E, quando Wratislaw foi derrubado, Metódio teve de se submeter à autoridade espiritual dos alemães, sendo confinado durante dois anos e meio num mosteiro alemão, do qual só foi libertado em 873, por ordem directa do Papa. Porém, a sua actividade subsequente foi muito restrigida pelos bispos da Baviera, apesar de a liturgia eslava ter sido reconhecida pelo Papa em 880.