António, ou Antipas, nasceu na Ucrânia, no ano de 983. Percierskij não é, na realidade, o seu sobrenome, mas um apelido que significa “da gruta”. Trata-se de uma referência à cela por ele escavada no vale de Dnjepr, próximo de Kiev, que deu origem à vida monástica russa.
Desde a adolescência que António “da gruta” buscou a solidão das cavernas, típicas da sua região, para as suas orações contemplativas. Depois, viveu até aos 45 anos peregrinando solitário pelos inúmeros mosteiros do Monte Athos, na Grécia. Os registos indicam que permaneceu alguns anos no Mosteiro de Esphigmenon, após o que decidiu continuar a vida de penitência e oração na sua pátria. Foi assim que escavou a primeira gruta em Kiev. Logo surgiram muitos seguidores e curiosos, que se sentiam atraídos pelos ensinamentos e pela fama de santidade daquele homem de oração e penitência. Todos queriam aprender com o monge sábio e justo, que nunca se mostrava irritado. Era um homem manso e silencioso, pleno de misericórdia com todos. Essa sua personalidade foi muito bem retratada pelo seu fiel discípulo Nestor em Histórias dos Tempos Passados.
Contudo, António insistia em viver sozinho, enquanto os seus seguidores formavam comunidades. Com a sua permissão, foram construindo várias celas pela região, e depois uma primeira igreja. Em 1051, surgiu o Mosteiro das Grutas, cuja arquitectura foi projectada para integrar as grutas escavadas por estes monges primitivos. A sua comunidade tornou-se famosa pela caridade, a instrução, o prestígio cultural e o esplendor da liturgia; além das belas igrejas que iam surgindo, consideradas verdadeiras obras-primas da arquitectura eslava.
António não desejava dirigir todo este movimento, mas tinha uma noção exacta do que estava a acontecer. Por isso, manteve-se como exemplo da comunidade e confiou a direcção da mesma ao seu discípulo Teodósio, que sedimentou e estabeleceu as regras da vida monástica. Em razão de uma perseguição política, António foi obrigado a abandonar Kiev em 1055, e foi refugiar-se perto de Cernigov, onde fundou outro mosteiro, mantendo a regras de vida do anterior e imprimindo a sua marca pelo exemplo de oração, penitência e caridade. No mosteiro de Kiev haviam permanecido alguns religiosos, guiados pelo discípulo Teodósio, que é considerado seu co-fundador. Por isso, António conseguiu regressar clandestinamente e aí permaneceu recluso até a sua morte, no dia 10 de julho de 1073.
Do original Mosteiro da Gruta de Kiev restou uma parte não muito grande, pois nos anos de 1299 e 1316 foi quase destruído pelas invasões dos tártaros. Em 1926, foi fechado pelo regime comunista, e só em 1988 foi reaberto definitivamente.