Agostinho nasceu em 13 de Novembro de 354, em Tagaste, pequena cidade do Império Romano situada no Norte da África. Seus pais, Patrício e Mónica, se bem que de famílias honradas, não eram ricos. O pai, ainda pagão, era um pequeno funcionário municipal; a mãe, fervorosa cristã, criou Agostinho no temor de Deus desde os primeiros anos da sua infância e inscreveu-o no número de catecúmenos.
A brilhante inteligência de Agostinho e a sua fiel memória davam-lhe muita facilidade para os estudos. Esse factor inclinou o pai, quando Agostinho terminou os estudos em Tagaste e Madaura, a pensar em mandá-lo para Cartago, a capital romana do Norte da África, onde poderia prosseguir a sua formação intelectual e tornar-se um reputado jurista.
Chegando à famosa Cartago aos 17 anos, Agostinho logo se uniu à turbulenta mocidade académica da cidade. Iniciou o curso de retórica com o estudo de Virgílio, e dos poetas e escritores latinos; descobrindo depois, com Cícero, a atracção da filosofia, a ela se entregou com ardoroso fervor. Aos 19 anos, uniu-se em ligação pecaminosa a uma mulher, com quem viverá 15 anos, só rompendo esse vínculo aquando da sua conversão; ela dar-lhe-á um filho, Deodato.
Em busca da vã curiosidade, diz ele nas suas Confissões, “caí nas mãos de homens desvairados pela presunção, extremamente carnais e loquazes. As suas palavras traziam as armadilhas do demónio, numa mistura confusa do teu Nome com o de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo consolador”: eram os hereges maniqueus. Agostinho tornar-se-á um dos seus ardentes defensores, pervertendo para a seita vários amigos cristãos; durante nove anos permanecerá nas suas malhas.
Aos 29 anos, sempre inquieto e em busca da Verdade pela qual aspirava, resolveu ir para Itália. Leccionou retórica em Roma, mas acabou por ir para Milão, aonde sua mãe foi ter com ele.
A leitura das epístolas de São Paulo, e a influência do Bispo de Milão, Santo Ambrósio, levaram-no a reaproximar-se dos cristãos. Como narra nas Confissões, depois de reviravoltas e hesitações, viveu um momento intenso de dilaceração interior, e essa “compunção” fê-lo decidir a converter-se. Mas o processo de conversão durou três anos.
Na véspera da Páscoa de 387, foi baptizado por Santo Ambrósio, juntamente com seu filho Deodato – que morrerá pouco depois, aos 15 anos – e vários discípulos.
Depois do baptismo, Agostinho resolveu voltar para África. Novamente em Tagaste, vive retirado do mundo durante três anos, em comunidade religiosa com os amigos, em oração, estudo e penitências.
Certo dia do ano de 391 em que tinha ido a Hipona – onde já havia chegado a fama da sua santidade e do seu saber –, estava ele a rezar numa igreja quando o povo o rodeou, aclamando-o e pedindo ao Bispo São Valério que lhe conferisse o sacerdócio. Apesar de todos os seus protestos, teve de se curvar à vontade de Deus.
O Bispo Valério, considerando o valor de Agostinho, temeu perdê-lo para outra diocese. Por isso, pediu ao Primaz de Cartago que o nomeasse seu bispo auxiliar com direito a sucessão. Mais uma vez, Agostinho teve de se curvar ante a vontade da Providência. Pouco depois, com a morte de Valério, assumiu a direção da diocese.
O santo Bispo de Hipona foi um dos maiores defensores da ortodoxia no seu tempo, tumultuado por heresias, combatendo-as com a palavra e com a pena. Depois dos maniqueístas, combateu as heresias dos priscilianos e dos donatistas, tão poderosos em África que haviam infectado mais de 400 bispos e combatiam os cristãos a ferro e fogo. Combateu também as heresias dos pelagianos, dos semi-pelagianos e dos arianos, vindos com a invasão dos godos.
Mas Santo Agostinho não se contentou em combater os inimigos da fé e desarmar os infiéis, os hereges, os libertinos e os cismáticos; quis também trabalhar pela Igreja universal. Assim, além das obras de polémica que compôs, redigiu tratados para todos os estados da vida civil e cristã.
Finalmente, em 430, os vândalos invadiram o Norte de África e cercaram Hipona. Consumido pela tristeza, pois via naquilo a mão castigadora de Deus, Agostinho foi vitimado por uma febre que o prostrou no leito. Tendo sempre presente a sua anterior vida pecaminosa, mandou que escrevessem na parede do seu quarto os salmos penitenciais, para os ter diante dos olhos. Depois de entregar a sua compungida e nobre alma a Deus a 28 de Agosto de 430, mereceu o glorioso nome de Doutor da Graça, pela refutação que fez da doutrina errónea da graça pregada pelo pelagianismo.