O Martirológio Romano traz duas entradas relativas a estes dois mártires. Uma, no dia de hoje, que diz: “Em Milão, natalício [para o Céu] dos santos mártires Nazário e jovem Celso. Depois de longamente maltratados e torturados no cárcere, Anolino mandou matá-los à espada, no auge da perseguição de Nero”. A outra é no dia 10 de Maio, e diz: “Em Milão, invenção dos santos mártires Nazário e Celso. Nessa ocasião, o bem-aventurado Ambrósio encontrou o corpo de São Nazário, coberto de sangue recente. Trasladou-o para a basílica dos Santos Apóstolos, juntamente com o corpo do bem-aventurado Celso, um jovem educado por Nazário. O juiz Anolino mandara passar ambos à espada aos 28 de Julho, na perseguição de Nero. Nessa data, também se celebra a festa do seu glorioso martírio”.
Nero foi Imperador de 54 a 68 da era cristã; logo, foi nesse período que os dois mártires deram a sua vida pela fé. Por sua vez, Santo Ambrósio foi Bispo de Milão de 374 a 397, e foi durante o seu pontificado que, por divina revelação, ficou a saber onde estavam enterrados Nazário e Celso. Portanto, mais de 200 anos depois do martírio, o corpo de Nazário, segundo diz o Martirológio, estava ainda “coberto de sangue recente”, o que significa que ocorreu uma série de milagres sucessivos relativos à descoberta desses corpos.
Após trasladar o corpo de Nazário para a basílica dos Apóstolos, Santo Ambrósio começou a falar, quando um possesso o interrompeu, gritando: “Ambrósio tortura-me!” O prelado voltou-se para ele e disse: “Cala-te, demónio! Não é Ambrósio que te tortura, mas a fé dos santos, e a tua inveja, pois vês homens subirem ao cume de onde tu caíste”, o que fez o possesso calar-se.
A tradição milanesa coloca a morte dos dois santos no dia de hoje. Sempre se julgou em Milão que o corpo de Celso não foi levado para a basílica dos Apóstolos, mas se encontrava na igreja onde, no século x, o Bispo Landulfo fundou um mosteiro.
A glória dos velhos santos milaneses ficou um tanto eclipsada pela descoberta, por Santo Ambrósio, dos mártires santos Gervásio e Protásio, Nazário e Celso, que conquistaram celebridade muito além de Itália. As suas relíquias espalharam-se por vários lugares da cristandade.