Dos pais da Santíssima Virgem nada nos transmitiram os escritos inspirados do Novo Testamento. O pouco que sobre eles conhecemos deve-se a vários livros apócrifos, como o Protoevangelho de São Tiago, o Pseudo-Mateus e o Evangelho de Maria, que apresentam sempre um núcleo de verdade e história, embora em muitas coisas sejam lendários.
A devoção dos fiéis a Santa Ana é o prolongamento da que nutrem a Nossa Senhora, de quem foi a santa mãe. Pode-se imaginar o alto grau de virtude dela e de seu santo esposo São Joaquim, para se tornarem dignos de tal privilégio.
A origem de São Joaquim é desconhecida. A tradição, conservada no Protoevangelho de São Tiago, diz que, de acordo com sua esposa Ana, dividiu as suas riquezas em três partes e destinou uma delas ao Templo, outra aos pobres e a terceira às necessidades da família. A esterilidade da esposa foi motivo de sofrimento, de muitas orações e frequentes jejuns, premiados pela aparição de um Anjo, que lhe anunciou o nascimento de uma filha extraordinária. Assim se tornou São Joaquim – cujo nome significa “preparação do Senhor” –, de preferência a todos os outros santos, o feliz pai de Maria Santíssima, o avô de Jesus e o chefe da mais santa família depois da de Nazaré. Ele é o penúltimo elo, embora não mencionado no Evangelho, da cadeia patriarcal que une Adão ao Salvador.
O culto de São Joaquim e Santa Ana é antiquíssimo entre os Orientais. Sobretudo, como revelam São Gregório Nazianzeno e Santo Epifânio, os hinos gregos e as homilias dos Santos Padres, que louvam extraordinariamente os bem-aventurados progenitores da Mãe de Deus. Esse culto veio para o Ocidente no tempo das Cruzadas, mas começou a acentuar-se no século xvii, principalmente na Bretanha, onde a descoberta de uma antiga imagem de Santa Ana deu novo impulso às peregrinações a Saint Anne d’Auray.
O Papa Leão XIII, que recebeu no baptismo o nome de Joaquim, elevou a festa dos santos pais da Santíssima Virgem a festividade de segunda classe.
