São Luís de França nasceu no dia 25 de Abril de 1215, filho de Luís VIII e Branca de Castela. Sua mãe, mulher activa e enérgica, Rainha severa e justa, tudo queria fazer por suas mãos, e nada lhe parecia difícil quando se tratava de manter a majestade da coroa de seu filho.
A prudente rainha cercou o filho dos mais idóneos tutores, procurando imprimir nele o ódio ao pecado e o amor à virtude. Dizia-lhe constantemente: “Meu filho, preferia ver-te no túmulo que manchado por um só pecado mortal”.
Luís subiu ao trono com apenas 12 anos, sob a tutela de Branca. Durante a sua minoridade, a enérgica Rainha reprimiu diversas guerras, governando o reino com sabedoria e justiça.
Tomando as rédeas do governo aos 20 anos, Luís casou-se com Margarida, a filha mais velha de Raimundo Berenger, Conde da Provença. A nova Rainha tinha as mesmas inclinações que o esposo para a piedade e o socorro dos pobres e infelizes. Muito discreta, Margarida jamais se imiscuía nos negócios do marido, a não ser quando a tal era chamada; e seguia o Rei para toda parte, mesmo além-mar. O casal teve 11 filhos, 6 varões e 5 mulheres, que, à excepção da primeira, se tornaram todas rainhas.
Governando bem a sua casa, Luís IX era ainda mais admirável no governo de seu Estado. Jamais se viu tanta paz e prosperidade em França como durante seu longo reinado de 36 anos.
No final de 1244, após doença grave, São Luís IX resolveu partir para a Terra Santa. Não se sabe o que se passou no dia inteiro em que esteve como morto. O facto é que, quando recuperou, se considerou obrigado, como por sagrado juramento, a empreender a cruzada.
Os príncipes, irmãos do Rei – Roberto, Conde de Artois, Afonso, Conde de Poitiers, e Carlos, Conde de Anjou –, bem como os maiores senhores do reino, receberam a cruz com ele. A mulher, Margarida, e os filhos pequenos, bem como as cunhadas, mulheres dos irmãos, quiseram acompanhá-los.
Os cruzados lograram grande vitória em Mansurah, em 1250. Joinville, senescal de Champagne (oficial real encarregado da aplicação da justiça e do controlo da administração nas províncias do sul do país), entusiasmado com a figura do Rei durante essa batalha, afirmou: “Vi chegar o Rei à frente da cavalaria. A sua cabeça sobressaía acima dos ombros de todos. Levava um capacete dourado, brandia uma espada da Alemanha: as suas armas deslumbravam os olhos e o seu porte majestoso alentava os guerreiros. Asseguro-vos de que jamais vi cavaleiro tão formoso”. Com os possantes braços, o Rei dava tantos golpes de espada e de maça, que derrubava todos os que dele se aproximavam.
Mas a prosperidade levou o exército a procurar os prazeres deste mundo, o que atraiu a cólera de Deus, e uma epidemia obrigou os vencedores a retroceder. Esta retirada foi desastrosa para os cristãos, que, adoentados, se viram totalmente cercados pelos inimigos e foram todos – incluindo o Rei – feitos prisioneiros. O único meio de se livrarem da morte era rendendo-se.
Atingido pela peste e muito fraco, Luís IX declarou que se renderia com todo o seu exército, contanto que os deixassem viver; prometeu pagar um milhão de pesos de ouro para libertar os seus soldados e devolver aos infiéis a cidade de Damieta para seu próprio resgate. A proposta foi aceite.
Luís regressou a França, para júbilo geral, mas tinha sempre presente o que se passava no Oriente e a opressão na qual tinha deixado os seus cavaleiros. Estes imploravam-lhe constantemente que fosse em seu auxílio, o que o determinou a empreender uma segunda cruzada.
No Egipto, atacaram as forças maometanas. Mas o sultão defendeu-se com ferocidade e os cruzados lograram apenas conquistar um terreno próximo das ruínas de Cartago. Daí, assaltaram a capital, fortemente defendida. Querendo rendê-la pela fome, cercaram-na, impedindo a chegada de víveres.
Entretanto, também eles foram vítimas de escassez de alimentos, de nova peste, provocada pelos cadáveres em corrupção, e de disenteria. O legado do Papa sucumbiu, assim como um dos filhos do Rei. O próprio soberano foi atacado por uma febre contínua, com fluxo de sangue, e a trágica noticia abalou todo o acampamento: “O Rei está a morrer!”
São Luís chamou então os principais oficiais do seu exército e exortou-os a comportarem como verdadeiros servidores de Jesus Cristo: “Uma vez que sois seus soldados, não somente pelo baptismo, mas também pela cruz que tomastes com tanta generosidade, não vivais como seus inimigos, não lhe façais guerra pela vossa impiedade, avareza, gula e impudicícia; uma vez que sustentais o seu Nome pela força das vossas armas, não sejais maometanos pelos vossos modos, já que fizestes uma profissão tão autêntica de serdes cristãos, expondo a vossa vida pela sua Igreja”.
O heróico e santo Rei rendeu a Deus a sua ilibada alma no dia 25 de Agosto de 1270, aos 56 anos.