Filha de numerosa e honrada família peruana de mediana fortuna, a futura Santa Rosa de Lima nasceu no dia 20 de Abril de 1586.
Quando Isabel – nome que recebeu no baptismo – tinha apenas três meses, sua mãe viu transfigurar-se-lhe o rosto numa bela rosa, e passou a tratá-la pelo nome com que ficou conhecida; este foi também o nome da sua confirmação, que recebeu do Arcebispo de Lima, São Toríbio de Mogrovejo.
Quando mais crescida, Rosa soube a razão pela qual lhe tinham mudado o nome e, na sua humildade, julgou que isso era mais motivo de vanglória do que de glória. Apresentando a sua pena a Nossa Senhora, apareceu-lhe Ela com o Divino Menino nos braços e disse-lhe: “Meu Filho gosta desse nome, e deseja que a ele acrescentes o meu, de maneira a chamares-te Rosa de Santa Maria”.
Rosa compreendeu bem que os favores extraordinários que recebia do Céu deviam ser motivo para tudo cumprir com a maior perfeição, seguindo as inspirações da graça. Desse modo, vivendo em sua casa, exercitava-se em todas as práticas dignas da mais fervorosa religiosa.
Uma série de reveses privou os pais de Rosa de quanto tinham, vendo-se eles na mais extrema necessidade para cuidar da numerosa família. A santa, que era exímia no manejo da agulha, passou a fazer rendas e bordados para ajudar ao sustento da casa. Para isso, dividiu as 24 horas do dia em três partes: na primeira, de 10 horas, fazia trabalhos de mão; na segunda, de 12 horas, dedicava-se à oração; restavam-lhe apenas 2 horas de sono, e vencê-lo foi um dos maiores esforços que esta virgem teve de fazer.
Tendo lido a vida de Santa Catarina de Sena, tomou-a como modelo e advogada e quis ser, como ela, terceira dominicana. Vestiu, pois, o hábito da Ordem Terceira da Penitência do Patriarca São Domingos no dia 10 de Agosto de 1610.
A caridade de Rosa pela salvação das almas crescia nela em proporção ao amor a Deus: considerando que tinham sido resgatadas por Nosso Senhor, sentia dor acerba ao pensar que muitas se perdiam; pensava sobretudo nos que se tinham apartado da verdadeira Igreja com o cisma protestante; nos pagãos mergulhados nas trevas da idolatria; e nos muitos católicos que viviam como se não tivessem uma alma a salvar.
Chocava-a muito ver que havia sacerdotes que não tinham verdadeiro zelo pelas almas e perdiam tempo em sermões inócuos. Assim, a um sacerdote com fama de grande orador, de estilo florido e redundante, disse um dia, depois de o ouvir: “Meu pai, vede que Deus vos fez pregador para que convertêsseis almas; não gasteis o vosso talento ociosamente em flores, que é trabalho inútil. Lembrai-vos da conta que Deus vos pedirá por tão alto ministério”.
Com a ajuda de um dos irmãos, Rosa de Santa Maria construiu uma ermida no jardim de sua casa e nela passou a viver retirada. Aí experimentou todos os fenómenos da vida mística. Também sofreu muitas provações espirituais, chegando a ser tentada contra a própria salvação. Certa vez em que apresentava a Nosso Senhor esse grande temor, disse-lhe Ele: “Minha filha, tem ânimo, que Eu não condeno senão aqueles que querem condenar-se”.
Santa Rosa de Lima faleceu em 24 de Agosto de 1617, aos 31 anos, sendo canonizada em 1672.