Iniciador e organizador da vida monástica na Palestina, este santo tornou-se muito popular na Idade Média, sobretudo por causa dos seus milagres. São Jerónimo, que o conheceu na Palestina quando lá viveu, escreveu a sua biografia.
Hilarião nasceu em Tabada, perto de Gaza, na Palestina. Seus pais eram pagãos, e aos 10 anos enviaram-no para Alexandria, para estudar. Esta cidade contava à época com uma fervorosa comunidade cristã, onde floresciam grandes sábios, como Orígenes e Clemente. Hilarião tornou-se discípulo de Áquila, ilustre figura na catequese e na ciência bíblica cristãs; e conheceu Santo Antão, que vivia há 20 anos na solidão do deserto, atraindo inúmeros discípulos. Hilarião quis tê-lo por mestre, mas Antão só o admitiu durante dois meses, porque o considerou jovem demais para ficar definitivamente no deserto.
Voltando para a Palestina, Hilarião vendeu o seu rico património, distribuindo o produto pelos pobres. Depois, retirou-se para o deserto de Majuma, abrupto e impenetrável, diante do mar, atrás de rochas escarpadas, tendo ao lado uma lagoa, palmeiras e figueiras bravas. Construiu uma choça de juncos e ramos, que fortificou com pedras. Só comia ervas, e só uma só vez por dia; mais tarde, consentiu em comer um pedaço de pão e regá-lo com azeite. Não tinha ainda 20 anos quando principiou essa vida de rigor e, passados 22 anos, o mundo começou a dar conta dele.
Foi então para o Egipto, onde morrera o grande Santo Antão. Esteve em Alexandria, onde soube que os emissários de Juliano, o Apóstata, o procuravam. Foi para a Sicília, depois esteve na Dalmácia e navegou para Chipre, cujo Bispo era Santo Epifânio; este santo admirou a santidade do peregrino, enquanto Hilarião admirou a ciência do Bispo.
Quando Santo Hilarião morreu, pelo ano de 372, Santo Epifânio foi o seu primeiro panegirista. Na morte, não tinha deixado senão uma túnica de esparto, um manto, uma cógula e um Evangelho. O seu discípulo Esíquio recolheu essas preciosas relíquias e levou-as para a Palestina; os habitantes de Gaza receberam-nas como se fossem de mártires. Santo Hilarião foi dos primeiros confessores venerados como santos, honra que era inicialmente reservada aos mártires.