Discípulo dos Apóstolos, “terceiro sucessor do bem-aventurado apóstolo Pedro na Igreja de Antioquia. Condenado às feras na perseguição de Trajano, foi levado em ferros para Roma, onde, em presença do Senado, sofreu os mais atrozes suplícios. Depois, foi lançado aos leões, entre cujos dentes exalou o espírito, tornando-se uma vítima em louvor de Cristo”, diz-nos o Martirológio Romano.
Um dia os discípulos, aproximando-se de Nosso Senhor, perguntaram-Lhe: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança e, colocanda-a no meio deles, disse-lhes: “Em verdade vos digo, se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino dos Céus. Quem se fizer humilde como esta criança, será o maior no reino dos céus. E quem receber uma criança como esta em meu nome, é a Mim que recebe” (Mt 18, 1-6). Diz a tradição que esta criança era Inácio.
Juntamente com São Policarpo, foi o mais ilustre dos Padres Apostólicos. As suas cartas às igrejas da Ásia e de Roma são os documentos mais preciosos da época, e podem considerar-se a “segunda formulação doutrinal cristã”; nelas se reflete o que pensavam os cristãos da segunda geração, a imediatamente posterior aos Apóstolos. Nelas se encontra a doutrina evangélica e paulina, elaborada, profundamente compartilhada e aceite, matizada diante dos ataques dos primeiros desvios heréticos, desejosos de romper a unidade, tanto hierárquica quanto doutrinal.
No ano 106, Santo Inácio está em Roma, onde, no ano seguinte, foram lançados às feras os seus dois companheiros, Zózimo e Rufo. Santo Inácio segui-los-ia dois dias mais tarde. Restaram poucas relíquias do seu corpo. As suas relíquias imortais são as suas cartas, das quais diz o P.e J. Huby: “Inácio, entregue às feras no tempo de Trajano, é o exemplar do pontífice entusiasta e o modelo do mártir. É a realização viva das palavras apostólicas: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim … Desejo ser desfeito e estar em Cristo. As suas insistências não comoveram menos a Igreja que as de São Paulo, e em certas frases suas, mil vezes citadas, parece estar concentrado todo o espírito dos mártires”.