
No mais curto de seus escritos, dirigido a um cristão de Colosso chamado Filémon, o Apóstolo São Paulo fala deste santo, que era escravo daquele senhor, e que, depois de um roubo, fugiu para Roma para não ser castigado. Aí, encontrou São Paulo, que estava no cativeiro e o converteu. O Apóstolo pede a Filémon que seja indulgente com o seu escravo prevaricador.
À primeira vista, não parece haver qualquer interesse doutrinário nesta epístola, que é praticamente um bilhete de carácter particular. Mas não é assim. Trata-se de um luminoso exemplo de como o grande São Paulo vivia a sua doutrina nos pequenos casos da vida; de uma ilustração do que ele escreveu aos Gálatas (3, 28): “Não há judeu ou grego, não há servo ou livre, não há varão ou mulher, porque todos sois um em Jesus Cristo.”
Naquele tempo, havia no Império Romano muito mais escravos do que homens livres. Todos eles tinham perdido os direitos de homens, pertencendo ao inventário da fortuna do proprietário como uma coisa ou um animal. No entanto, apesar de ele ser escravo, o Apóstolo chama a Onésimo irmão amado e pede a Filémon que o acolha como ao seu próprio coração, pois se tornou seu filho espiritual.
“Onésimo” é uma palavra grega que significa “útil”; é a isso que São Paulo faz alusão quando diz a Filémon: “Suplico-te por este meu filho, a quem gerei entre cadeias, Onésimo, que outrora te foi inútil, mas que agora é muito útil para ti e para mim.”
O Martirológio Romano dá-nos alguns dados do que sucedeu depois a Santo Onésimo: “Em Roma, o bem-aventurado Onésimo, sobre quem o Apóstolo São Paulo escreveu a Filémon. O mesmo também o sagrou Bispo de Éfeso, como sucessor de São Timóteo, e conferiu-lhe o ministério da pregação. Levado preso para Roma, Onésimo foi lapidado pela fé de Cristo, e teve aí a sua primeira sepultura. Mais tarde, trasladaram-lhe o corpo para o lugar da sua sagração episcopal.”