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1/7 – Santo Aarão, Sumo Pontífice da Antiga Lei

Conforme o I livro das Crónicas (1Cr 6, 1-3), Aarão era bisneto de Levi e o segundo dos filhos de Amram e Jochabed. A primogénita chamava-se Maria e o mais novo era Moisés. Pelo livro do Êxodo, sabemos que “Moisés tinha oitenta anos, e Arão oitenta e três, quando falaram ao faraó” (Ex 7, 7).

Ao receber no Monte Horeb a ordem do Omnipotente de voltar ao Egipto a fim de retirar de lá o povo eleito, Moisés alegou a própria tartamudez, que lhe dificultaria falar ao faraó. “O Senhor irou-Se contra Moisés, e disse: Eu sei que Aarão, teu irmão levita, é eloquente; eis que ele sai ao teu encontro e, vendo-te, se alegrará no seu coração. Fala-lhe, e põe as minhas palavras na sua boca; e Eu serei na tua boca e na dele. Ele falará por ti ao povo, e será a tua boca; e tu dirigi-lo-ás no que diz respeito a Deus. Toma também esta vara, com a qual operarás prodígios” (Ex 4, 10-17).

Os dois irmãos voltaram ao Egipto e, para vencer a teimosia do faraó e convencê-lo a permitir que os judeus saíssem daquela terra, operaram a série de milagres conhecidos como as dez pragas do Egipto.

É muito conhecida a passagem do Mar Vermelho e tudo o que se lhe seguiu.

Vem depois a atitude pouco edificante de Aarão no episódio do bezerro de ouro. Enquanto Moisés recebia de Deus as Tábuas da Lei no Monte Sinai, o povo “de dura cerviz”, vendo que ele demorava a descer, pediu a Aarão que lhes fizesse “um deus que marche à nossa frente” (Ex 32, 1), injuriando assim todos os benefícios e a aliança estabelecidos com eles pelo Deus verdadeiro. O irmão de Moisés não só cedeu àquele blasfemo pedido, fundindo um bezerro de ouro (ídolo dos egípcios, que o adoravam com o nome de Ápis), mas chegou até a oferecer-lhe sacrifícios.

Ao ver aquilo, Moisés, “muito irado, atirou das suas mãos as tábuas da lei, e quebrou-as ao pé do monte” (Ex 32, 19). Em seguida, queimou e triturou o ídolo, reduziu-o a pó, misturou-o com água e obrigou todos os judeus a beberem. Juntou depois os filhos de Levi, os quais, sob a sua direcção, mataram cerca de 3000 dos prevaricadores, enquanto outro grande número foi consumido pelas chamas que saíam do altar, quando o incensavam. Outros, em número maior ainda, foram atingidos pelo fogo do céu, que teria exterminado a todos se Aarão não se interpusesse entre os mortos e os vivos, com o turíbulo na mão, para aplacar a cólera de Deus.

Por ordem de Deus, foram colocados no tabernáculo 12 ramos, pelas 12 tribos de Israel, para que fossem escolhidos aqueles que deveriam ficar ao serviço do altar. No dia seguinte, o ramo da tribo de Levi, isto é, de Aarão, estava coberto de flores. Ele foi então proclamado Sumo Pontífice uma segunda vez, dignidade que exerceu durante toda a sua vida e que se tornou hereditária na sua família.

Apesar de seu pecado, Deus não quis alterar a escolha que fizera dele para o sumo pontificado. Chegado o momento, “exaltou também a Aarão, semelhante a Ele, da tribo de Levi. Estabeleceu com ele um pacto eterno, deu-lhe o sacerdócio do seu povo, e encheu-o de felicidade e de glória. (…) Moisés consagrou-lhe as mãos, e ungiu-o com o óleo santo. Foi-lhe, pois, concedido por aliança eterna, a ele e à sua descendência, enquanto durar o céu: servir ao Senhor e exercer o sacerdócio, e abençoar o povo em seu nome” (Ecle 45, 7-8; 18-19).

Quando se aproximava o fim da sua carreira, Deus disse a Moisés que o conduzisse à montanha de Hor e o despojasse das insígnias do sacerdócio, para com elas revestir seu filho Eleazar, que deveria suceder-lhe no cargo. Aarão não teria a felicidade de entrar na Terra Prometida, porque duvidara do poder de Deus, quando o mandara bater com o cajado no rochedo de Cades para obter água: ele duvidou e bateu duas vezes em vez de uma, sendo por isso punido, tal como seu irmão Moisés. Aarão entregou então a sua alma a Deus, sendo sepultado no próprio monte Hor e chorado pela multidão durante 30 dias (Nm 20, 29-30).

Aarão teve quatro filhos, do seu casamento com Elisabete, irmã de Nahason. Os dois primeiros, Nadab e Abiu, morreram sem deixar posteridade. Mas os descendentes dos dois últimos, Eleazar e Itamar, tornaram-se muito numerosos. O mais famoso dos seus descendentes foi São João Baptista, o Precursor, como diz São Lucas: “Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote de nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel” (1, 5).


Foto: IPCO

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