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10/3 – Quarenta Mártires de Sebaste

Estes 40 heróis de Jesus Cristo sofreram o martírio no ano 320, sob o Imperador Licínio, na Arménia.

Licínio era irmão de Constância, esposa de Constantino, o Imperador que dera a liberdade à Igreja pelo Édito de Milão, em 313; mas tornou-se um dos mais cruéis perseguidores da Igreja. Esse homem de baixa extracção, colérico e ignorante, estando à frente de possante exército na Capadócia, província da Arménia, emitiu um édito segundo o qual todos os cristãos deveriam, sob pena de morte, abandonar a fé em Jesus Cristo.

Faziam parte do seu exército 40 soldados cristãos da XII Legião Fulminata, que várias vezes tinham confessado a sua fé. Embora se distinguissem pelo seu serviço, seriam condenados por não quererem sacrificar aos ídolos.

O primeiro relato que temos desse martírio é dado por São Basílio, Bispo de Cesareia (370-379), numa homilia proferida no dia da festa desses mártires; o que significa que essa festa era anterior ao episcopado de Basílio, e a homilia deve ter sido pronunciada somente 50 ou 60 anos depois do acontecimento.

De acordo com São Basílio, esses 40 soldados que tinham professado abertamente a sua fé foram condenados pelo prefeito a serem colocados nus, num poço congelado perto de Sebaste, numa frígida noite, até morrerem.

Enquanto esperavam o cumprimento da sentença no calabouço, prevendo o seu fim, os 40 homens escreveram um “testamento” colectivo, pela mão de um deles. O insigne documento desses confessores da fé que estavam prestes a morrer exortava os parentes e amigos a não considerarem os bens caducos da terra, mas preferirem os espirituais. O documento traz os nomes dos 40, que daí foram copiados para outros documentos.

As horas passavam, terrivelmente monótonas. São Basílio diz que esses valentes soldados se animavam mutuamente a permanecer fiéis com esta oração: “Senhor, 40 entrámos na batalha; 40 coroas vos pedimos.”

Um desses 40 confessores da fé, depois de posto no poço, fraquejou; e, deixando os companheiros, optou pelos banhos quentes que lhes eram oferecidos. Foi então que um dos guardas que os vigiava viu um brilho sobrenatural cobrindo os 39 mártires. Tocado pela graça, no mesmo instante proclamou a sua fé cristã, tirou a roupa, e colocou-se entre os 39 soldados de Jesus Cristo, no lugar do que desertara. Desse modo, restabeleceu-se o número dos 40.

Na manhã seguinte, os rígidos corpos dos confessores, que ainda mostravam sinais de vida, foram queimados, e as cinzas lançadas a um rio. Os cristãos conseguiram no entanto recuperar uma parte, e essas relíquias foram distribuídas por várias cidades. Desse modo, a veneração prestada aos 40 mártires espalhou-se, e foram erigidas numerosas igrejas em sua honra.

Uma dessas igrejas foi construída em Cesareia, na Capadócia, e foi nela que São Basílio fez o seu sermão. Também São Gregório de Nissa tinha muita devoção a esses mártires, e fez na igreja dedicada a eles dois sermões em sua honra, que ainda existem. Quando seus pais faleceram, sepultou-os junto das relíquias desses confessores.

Santo Efrém, o Sírio, também elogiou esses mártires. Sozomeno, que foi testemunha ocular do evento, deixou um interessante relato do encontro das relíquias em Constantinopla, pelos esforços da Imperatriz Santa Pulquéria.

Enfim, a devoção aos 40 mártires cedo foi introduzida no Ocidente. Logo no começo do século v, São Gaudêncio, Bispo de Brescia, recebeu partículas das cinzas dos mártires na sua viagem ao Oriente, e colocou-as na sua catedral, junto de outras relíquias.

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